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Thomas Schmall, presidente da Volkswagen no Brasil, que afirma que as medidas do governo são necessárias para conter a inflação | Antônio More/ Gazeta do Povo
Thomas Schmall, presidente da Volkswagen no Brasil, que afirma que as medidas do governo são necessárias para conter a inflação| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Concorrência

Importados ameaçam nacionais

A concorrência com os veículos importados é um dos fatores que assombram as vendas das concessionárias brasileiras que só comercializam carros nacionais. "É inevitável que diminua a participação das marcas tradicionais em um mercado com tantas escolhas", afirma o diretor-geral da Fenabrave no Paraná, Luís Antonio Sebben. As marcas Volkswagen, Fiat e Chevrolet detêm, cada uma, aproximadamente 20% de participação, enquanto a Ford contabiliza cerca de 10%. Embora tenham fábricas aqui, essas montadoras também se beneficiam da importação de veículos.

Um bom exemplo da ameaça estrangeira é a chinesa JAC. A marca, que estreou no mercado brasileiro em março, ocupou a 14.° colocação no ranking de vendas em abril. Apesar de ainda só ter uma opção de modelo a venda, o J3, o carro já está na primeira colocação entre as montadoras chinesas, à frente da Cherry e da Lifan.

Na última semana, o governo editou uma medida obrigando os automóveis que chegam ao país a pedir uma licença prévia para a liberação de guias de importação. Antes feita de forma automática, o processo agora pode levar 60 dias. A medida é uma reação ao protecionismo argentino, mas, se prolongada, pode ter grande impacto no mercado de carros importados. (CGF)

Após bater recorde de produção e vendas de veículos em 2010, o mercado automotivo brasileiro, que alcançou a quarta colocação no ranking mundial no ano passado, tende a esfriar nos próximos meses. Os sinais de que o segmento dificilmente vai alcançar as projeções definidas para 2011 já começaram a aparecer. Após anúncio do recuo de 5,54% nas vendas no mês de abril em relação a março, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) avisou que vai rever a projeção de comercialização de veículos para esse ano – a entidade apostava no crescimento de 5,20%, mas já há quem diga que o mercado vá crescer algo em torno de 3%. A tendência é que a retomada nas vendas só ocorra no ano que vem.

Para os profissionais do setor, as medidas adotadas pelo governo federal – redução do prazo de financiamento e o aumento do valor de entrada e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – são as responsáveis pela mudança de cenário. Apesar do aumento do poder aquisitivo da população, as ações para conter a inflação acabaram se transformando em barreiras entre as concessionárias e os consumidores.

"Da maneira como o governo está dificultando não há como reverter a queda nas vendas", diz Luís Antonio Sebben, presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Paraná e diretor-geral da Fenabra­­ve no estado. "O potencial de consumo é enorme. Mas as restrições estão dificultando as vendas".

O presidente da Volkswagen no Brasil, o alemão Thomas Schmall, recentemente naturalizado brasileiro, é mais otimista. Para ele, o crescimento da mercado deve ficar entre 3% a 5%, pois as empresas estão preparadas e têm fôlego suficiente para superar esse período de baixa. "O mercado está esfriando um pouco e os próximos três meses serão frios. As medidas vão ter impacto a curto prazo, mas são necessárias a longo prazo para não deixar a inflação escapar. Todos vão aguentar isso e a médio prazo vai melhorar", diz.

O otimismo também é compartilhado pela lado da General Motors do Brasil (Chevrolet). O gerente regional de operações da marca, Eduardo Pires, reconhece a influência das medidas no mercado, mas acredita na continuidade do crescimento do setor. "Algumas medidas têm impacto. Mas o mercado vai continuar crescendo a passos diferentes dos anos anteriores, que foram espetaculares", aponta. "Esse momento chama a atenção para mais oportunidades para as marcas mostrarem o que já têm".

Novos modelos são chamarizes

A queda nas vendas e o sinal de alerta dado pelo mercado não interferem nos planos das montadoras quando o assunto é lançamentos. Somente neste mês, mais de uma dezena de novos modelos vão ganhar as vitrines das concessionárias – no total, serão mais de 60 lançamentos em 2011. Carros para todos os gostos e bolsos, desde o QQ, da marca chinesa Cherry, famoso por ser o carro mais barato do Brasil (R$ 22 mil), até modelos sofisticados como o A1, da Audi, que sai por R$ 90 mil.

"O lançamento é a melhor forma de combater a queda de vendas. Se não acontecerem [lançamentos], invariavelmente a marca perde participação", afirma Sebben. "Cliente quer saber de carro bonito e diferente do vizinho. O consumidor gosta de novidade", complementa.

Pires concorda que as novidades são uma boa arma de atração do consumidor. Ele ressalta que existem diversos formas para se alcançar os objetivos. "A diversidade da marca é outra forma de atender ao anseio do comprador. Outra é o custo-benefício do veículo", diz. A Chevrolet, entre 2011 e 2012, planeja colocar oito novos modelos no mercado.

Grande parte dos laçamentos será por parte da Volkswagen que planeja para este ano 13 novidades, entre carros novos, variações e atualizações de alguns modelos. No ano passado, a marca colocou 23 lançamentos no mercado. (CGF)

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