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Antônio Deggerone, da Assovepar: volta do IPI favorece os usados | Antônio More/Gazeta do Povo
Antônio Deggerone, da Assovepar: volta do IPI favorece os usados| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Seminovos

Venda de carros com até três anos de uso sobe 9% em 2014

Um veículo novo perde cerca de 20% do valor em poucos meses de uso. Essa rápida desvalorização, em um contexto de alta de preços dos carros zero-quilômetro e restrições ao crédito, empurrou muitos consumidores para as lojas de "seminovos", automóveis com até três anos de uso. "No ano passado, as vendas cresceram cerca de 10%, com uma procura muito grande por veículos com até um ano e meio", conta Juliano Costa Luz, dono da FJ Multimarcas.

As estatísticas da Fenauto comprovam a preferência dos consumidores. O segmento com maior crescimento de vendas em 2014 foi o de seminovos, com alta de 9% em relação ao ano anterior. Em seguida, com expansão de 8,8%, aparecem os "usados jovens", com quatro a oito anos de uso. As vendas de veículos mais antigos cresceram apenas 3,7%.

A expectativa é de que esse comportamento se repita neste ano. "O fim do desconto do IPI favorece a venda de seminovos mais equipados. Quando bem escolhido, um seminovo completo representa uma compra melhor que a de um carro novo básico", diz Gilmar Fontana, da Fontana Veículos.

Os seguidos reajustes de preço dos carros novos e o fim do desconto do IPI para esses veículos estão fazendo a alegria do mercado de usados. Em 2014, enquanto a economia andou de lado e as vendas de novos recuaram pelo segundo ano seguido, os revendedores de usados comemoraram o quinto avanço anual consecutivo. E a expectativa é de mais crescimento em 2015.

INFOGRÁFICO: Confira o índice de vendas de carros usados em 2014

As vendas do segmento aumentaram 6,5% em todo o país no ano passado, o melhor desempenho desde 2011, segundo a série histórica da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O avanço no Paraná foi parecido, de 6,3%, de acordo com a Assovepar, que reúne os revendedores do estado.

"Estudos de mercado indicam que devemos ter uma evolução próxima de 5% neste ano. Está havendo uma migração do consumidor de novos para usados", diz Antônio Deggerone, vice-presidente da Assovepar e dono da revendedora Exclusiva.

Um dos indícios dessa migração está na relação entre as vendas de cada segmento. Até meados da década passada eram negociados mais de quatro automóveis usados a cada zero-quilômetro que saía da concessionária. Esse índice caiu gradualmente, conforme o aumento da renda e a ampliação do crédito estimulavam a compra de veículos novos, mas voltou a subir nos últimos anos. Do piso de 2,3 usados por novo registrado em 2009, época da primeira redução do IPI, chegou à marca de três por um no ano passado, a maior desde 2007.

"Como o acesso ao crédito ficou mais difícil, quem tinha a intenção de comprar um carro zero de R$ 40 mil ou R$ 50 mil passou a procurar um usado de R$ 20 mil ou R$ 30 mil", diz César Lançoni, dono da Cabral Automóveis. É verdade que o crédito também ficou mais restrito para os carros de segunda mão. Mas, como a prestação é mais baixa, cabe mais fácil no orçamento do comprador – e o financiamento tem mais chances de ser aprovado.

Crédito

Segundo lojistas consultados pela Gazeta do Povo, os bancos já não financiam compras com entrada de menos de 20%. Muitas vezes, exigem parcela inicial ainda maior, de 30% ou 40%. "Antigamente, 70% dos carros usados eram financiados. Ano passado, foram só 35%", diz Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da Fenauto, a federação nacional dos revendedores.

O dirigente não se queixa das restrições. "Os bancos estão agindo com mais responsabilidade. É melhor que deixar a inadimplência crescer", diz. "Para nós, é interessante que o cliente financie em no máximo 36 vezes, porque vai trocar de carro mais cedo e girar o mercado. Quando comprava sem entrada e parcelava em 60 meses, ele não conseguia fazer a troca tão cedo."

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