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Saleiro do Atacama, no Chile, que abriga parte considerável das reservas do metal no mundo: país forma triângulo do lítio ao lado de Bolívia e Argentina. | Creative Commons
Saleiro do Atacama, no Chile, que abriga parte considerável das reservas do metal no mundo: país forma triângulo do lítio ao lado de Bolívia e Argentina.| Foto: Creative Commons

Bolívia

Para financiar a extração do Lítio, os países contam com colaboração externa. Chile e Argentina mantêm acordos com empresas estrangeiras para produção e comercialização de baterias de íon-lítio. A Bolívia, por outro lado, decidiu desenvolver toda a cadeia de produção com tecnologia própria. O presidente Evo Morales optou por deixar o país como majoritário das explorações e não fechar acordos com nações estrangeiras. A estratégia pretende evitar ciclos de exportação que não favorecem a Bolívia. Em 2014, Morales inaugurou uma fábrica experimental de baterias com equipamentos chineses. No local, segundo o governo, são produzidas baterias para celulares e bicicletas elétricas. Incertezas sobre a capacidade de o país desenvolver a tecnologia e atrasos nos trabalhos geram algumas críticas ao presidente.

Brasil

Além dos salares, pegmatitos (espécie de rochas) também são fontes de lítio. No Brasil, a exploração nessas rochas ocorre, em Minas Gerais, na região do Vale do Jequitinhonha. A extração é feita pela Companhia Brasileira de Lítio para utilização na indústria de vidro e cerâmica. Ainda faltam investimentos em tecnologia para aproveitar o recurso na produção de baterias ou medicamentos, por exemplo. Apenas 1,3% da reserva mundial está presente no país, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral. O Ceará também tem reservas do metal, mas elas ainda não foram exploradas.

Fabricantes de eletrônicos e carros elétricos estão de olho na América do Sul. O lítio, elemento altamente procurado pela indústria por causa de sua aplicação em baterias, é encontrado em abundância nos salares de Uyuni (na Bolívia), Atacama (Chile) e Hombre Muerto (Argentina). Somente o primeiro, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, abriga uma reserva com 9 milhões de toneladas. Estima-se que os países concentrem de 70% a 80% das mais de 13 milhões de toneladas existentes no planeta.

O metal já é chamado de “petróleo branco” pelo seu alto valor de mercado, que deve subir para US$ 43 bilhões até 2020, atingindo uma alta de 290% em dez anos. A estimativa é da consultoria americana Market Research. Atualmente, o custo da tonelada do lítio é de cerca de US$ 30 mil e o aquecimento do mercado indica tendência de aumento do valor.

De acordo com a FMC Minerals, a demanda pelo mineral nos próximos quatro anos deve crescer 10% ao ano. Para a Sociedade Química e Mineira de Chile (SQM), o aumento anual pode ser maior: de 30%. “Independentemente das previsões, o fato é que o lítio deve sair dos bastidores e se tornar protagonista da economia nos próximos anos. Países que querem se tornar competitivos precisam estar atentos a isso”, comenta Luiz Carlos Ferracin, doutor em Química e diretor do Instituto Senai de Inovação e Eletroquímica.

A oportunidade de negócio pode beneficiar a economia dos países latino-americanos, prejudicada pela queda dos preços das commodities tradicionais, como petróleo, soja e gás.

Abaixo da crosta de sal

No caso dos salares da América do Sul, o metal fica dissolvido abaixo da grossa crosta de sal. Por meio de um processo químico, transforma-se em carbonato de lítio (LiCo), composto utilizado pela indústria na produção de baterias para eletrônicos, como celulares, tablets e notebooks e para carros elétricos, por exemplo. Na esteira do mercado de lítio, o preço do carbonato também aumentou. Em 2011, a tonelada do composto custava US$ 5.180 e, hoje, tem valor de US$ 6.400.

Por ser o mais leve dos elementos, o lítio garante às baterias maior armazenamento e mais capacidade de distribuição energética.“A transferência de energia que acontece nas baterias se torna mais fácil, porque ele dá mais leveza e menos resistência ao fluxo iônico”, diz Adilson Oliveira, doutor em Engenharia e Ciência de Materiais e membro da Rede de Lítio do Brasil.

De 2015 a 2024, somente o mercado de baterias de íon-lítio para veículos elétricos leves deve totalizar US$ 221 bilhões, segundo projeção da consultoria norte-americana Navigant Consulting. Atualmente, a China lidera o mercado de produção de baterias de íon-lítio. Chile, Austrália e Argentina aparecem como os maiores produtores mundiais do metal, com 88% do fornecimento global.

Uso doméstico

O lítio também tende a ganhar mercado em baterias domésticas. A Tesla, empresa dos EUA, está desenvolvendo a Powerwall, uma bateria para uso doméstico com capacidade de abastecer 5 kW de potência e que pode ser acoplada a sistemas de geração solar. “O fato de se degradar com facilidade e não ser um agente prejudicial ao meio ambiente também faz do lítio o queridinho da economia no século 21, com importância comparável à do petróleo no século passado”, diz Adilson Oliveira, membro da Rede de Lítio do Brasil.

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