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Embarque de grãos em Paranaguá: Copom prevê queda no comércio exterior | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Embarque de grãos em Paranaguá: Copom prevê queda no comércio exterior| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

IPCA

Copom prevê que inflação acumulada vai parar de subir

Depois da divulgação dos dados desfavoráveis do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o Banco Central (BC) prevê que neste trimestre se encerra o ciclo de elevação da inflação acumulada em 12 meses. A partir do quarto trimestre, o cenário central indica tendência declinante para a inflação acumulada em 12 meses. Segundo o BC, a inflação, a partir daí, passa a se deslocar na direção da trajetória de metas.

Para justificar a decisão de reduzir a taxa Selic (juro básico da economia), o Banco Central destaca que o Copom reconhece de forma "unânime" que o ambiente macroeconômico se alterou substancialmente e que o cenário prospectivo para a inflação acumulou sinais favoráveis. Para os integrantes do Copom prevalece, no entanto, nível de incerteza crescente, "que já se posiciona muito acima do usual". Neste cenário, o Copom identificou riscos decrescentes à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta, de 4,5%.

Na avaliação do comitê, a demanda doméstica ainda se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Entretanto, iniciativas recentes reforçam um cenário de contenção das despesas do setor público. Na última reunião do Copom, cinco integrantes votaram a favor da redução e outros dois, pela manutenção da Selic em 12,50% ao ano.

Brasília - O Banco Central cortou os juros de 12,5% para 12% ao ano porque acredita que a crise internacional vai reduzir o ritmo da economia brasileira e, assim, a inflação deve desacelerar nos próximos meses. A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que surpreendeu o mercado ao cortar a taxa revela que o colegiado reavaliou, substancialmente para pior, as perspectivas do cenário externo. O Copom acredita que a recente deterioração da economia global deve gerar impacto no Brasil equivalente a um quarto da crise de 2008. Além disso, os atuais problemas serão mais persistentes, ainda que menos agudos, que os daquela época.

Divulgado ontem, o documento foi recebido com desconfiança pelos analistas, que esperavam mais elementos para entender a nova avaliação do quadro externo e a inesperada queda dos juros. Sem novos argumentos, porém, o texto não convenceu boa parte dos economistas. Houve quem enxergasse contradição quando o BC cortou juros ao mesmo tempo em que elevou as projeções de inflação deste ano. No mercado, cresce a percepção de que a Selic deve continuar em queda até o fim do ano, com pelo menos mais dois cortes de meio ponto porcentual. Muitos, porém, acreditam que o BC será forçado a aumentar os juros em 2012 para segurar a inflação.

Repetição

A ata repetiu argumentos usados no comunicado divulgado após a reunião. Segundo a ata, o ambiente econômico mudou "substancialmente" desde julho. "De modo a justificar uma reavaliação, e, eventualmente, reversão, do recente processo de elevação da taxa básica", dizia. Pelas contas do BC, o turbulento quadro externo reduzirá a velocidade do Brasil porque diminuirá o comércio exterior, reduzirá os investimentos internacionais, tornará o crédito mais restritivo e ainda piorará a confiança de famílias e empresários.

Um dos resultados já pode ser comprovado, diz o BC, na queda das previsões de crescimento da economia doméstica. Nesse ambiente, a inflação deve desacelerar para "patamar inferior ao que seria observado caso não fosse considerado o efeito da crise". Tal mudança de ritmo deve acontecer, segundo a ata, mesmo com a alta do dólar e a redução dos juros. "A ata não trouxe mais informações e as incertezas continuam existindo. O documento apenas reforçou a avaliação de que o BC entende que há mais espaço para corte do juro", diz o economista-chefe do Santander Brasil, Maurício Molan.O documento mostra ainda mudança nas referências utilizadas pelo BC. Normalmente, a instituição trabalha com dois cenários: de "referência" (feito com base na manutenção do dólar e juro) e de "mercado" (conforme projeções dos analistas). A ata, no entanto, revela que ganha espaço um terceiro cenário, o "alternativo", que começou a ser divulgado há alguns meses e que foi detalhado pela primeira vez no documento de ontem.

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