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Grécia segue à espera de novo primeiro-ministro

Agência Estado

Quatro dias depois de anunciar que iria formar um governo de união nacional e renunciar, o primeiro-ministro grego George Papandreou não consegue fechar um acordo com as demais forças políticas, e a negociação para a formação de um governo de união nacional fracassa. Para a União Europeia (UE), quanto mais tempo a Grécia levar para aprovar um novo governo, maiores serão as dúvidas do bloco em relação ao compromisso de Atenas em aplicar as exigências de Bruxelas para receber dinheiro e não quebrar.

Na tarde de ontem, Papan­dreou entrou em rede nacional para entregar o cargo. De lá, ele seguiu para um encontro com o presidente da República, Karolos Papoulias, e o impasse continuou. Havia um consenso em torno do nome de Lucas Papa­demos, um tecnocrata e aliado de Bruxelas. Papademos chegou a abandonar o curso que estava dando na Universidade Harvard – ironicamente chamado de "A crise financeira e desafios políticos" – para retornar a Atenas. Mas ele se recusou a aceitar o posto ao ser informado que a oposição conservadora só lhe daria 100 dias para fazer passar as medidas de austeridade mais profundas em 40 anos e implementá-las.

A solução foi apelar a Filipos Petsalnikos, presidente do Parla­mento, socialista e amigo íntimo de Papandreou, mas foi a vez de os socialistas no governo anunciarem que iriam se opor ao nome. Os socialistas ainda acusam o opositor Nova Democracia, de Antonis Samaras, de ser o real motivo do impasse, pois seria ele quem teria forçado a data de 19 de fevereiro para a realização de eleições – o que, na prática, impediu Papademos de assumir.

  • George Papandreou anunciou a renúncia pela televisão

A demissão anunciada do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, não reduziu a desconfiança dos investidores em relação aos títulos da dívida soberana do país. Ontem, as obrigações italianas com validade de dez anos foram refinanciadas nos mercados com juros de 7,48% – recorde histórico, considerado insustentável no longo prazo, já que Portugal e Irlanda precisaram de ajuda quando o mercado passou a exigir mais de 7% em seus títulos. As bolsas de valores também foram castigadas.

A tensão nos mercados contrariou o discurso de analistas políticos e econômicos, que apostavam na redução da pressão dos investidores depois da demissão de Berlusconi – apontado na União Europeia como a maior fonte de crise na Itália. A realidade, entretanto, se mostrou diferente. Depois de terem fechado em 6,8% na noite de terça-feira, os juros cobrados pelos bônus do tesouro italiano com validade de dez anos chegaram a 7,6% ao meio-dia de ontem, recuando a 7,48% ao fim das transações, mesmo com a intervenção do Banco Central Europeu (BCE), que voltou a comprar obrigações, sem, porém, evitar a elevação.

Além da crise política aberta pela renúncia de Berlusconi, o pessimismo foi causado pela informação de que um eventual socorro da Itália poderia custar ao Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF) e ao Fundo Mone­­tário Internacional (FMI) 1,4 trilhão de euros, dinheiro de que os fundos não dispõem. De acordo com Gary Jenkins, da consultoria Evolution Securities, de Londres, o cálculo é baseado nos custos dos pacotes da Grécia, da Irlanda e de Portugal, além dos programas de compra de dívidas do BCE – tudo somando 512 bilhões de euros. "Então se deve multiplicar por 2,7 para estimar o custo do socorro à Itália", explicou.

Uma das fontes de preocupação na Itália é a falta de definição sobre o sucessor de Berlusconi – até a noite de ontem nenhuma definição havia sido encaminhada. A situação levou o presidente, Giorgio Napolitano, a pedir agilidade aos líderes políticos, ressaltando que o país precisa recuperar a credibilidade. Ontem, o ministro das Finanças, Giulio Tremonti, e o vice-primeiro-ministro, Gianni Letta, visitaram Napo­­litano e "ilustraram as me­­didas do governo" que fazem parte de um pacote de austeridade e reforma econômica, incluído no orçamento de 2012 e que deverá ser votado no Senado e na Câmara dos Deputados na próxima semana.

Embora a Itália apresente orçamentos equilibrados há 16 anos, a dívida do país chega a 121% do PIB, ou 1,9 trilhão de euros. Os dois planos de austeridade anunciados até aqui por Berlusconi – o primeiro em julho, de 47,5 bilhões de euros, e um segundo em setembro, de 54,2 bilhões de euros –, não foram suficientes para acalmar os investidores.

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