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O ritmo da economia brasileira no segundo trimestre surpreendeu analistas e alimentou, no mercado financeiro, algumas apostas de que o juro básico terá de subir em 2011.

Mas o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que os dados estão em linha com suas estimativas e previu "crescimento moderado" até o final do ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2 por cento no segundo trimestre frente ao período imediatamente anterior . A mediana das projeções de economistas ouvidos pela Reuters apontava alta de 0,7 por cento, enquanto o Ministério da Fazenda projetava expansão entre 0,5 e 1,0 por cento.

"A partir do ano que vem vai ter de subir a taxa de juro para equilibrar essa oferta", avaliou o economista-chefe do Banco BBM, Tomás Brisola, acrescentando que no curto prazo os dados não têm implicações para a política monetária.

Para o analista, a desaceleração frente ao primeiro trimestre, quando a economia havia crescido 2,7 por cento, "não foi tão grande" e evidenciou riscos inflacionários à frente.

A última sondagem semanal do BC junto ao mercado (relatório Focus) já mostrava os analistas apostando em aumento de 0,75 ponto percentual da Selic no próximo ano, após fechar 2010 nos atuais 10,75 por cento ao ano.

Nesta quinta-feira, as taxas de juros subiram no mercado futuro após os números do PIB e em meio ainda a dados melhores que o esperado sobre o mercado de trabalho norte-americano.

"Se o BC decidiu parar com o aperto monetário neste ano, vai ser transferido para o ano que vem", afirmou Newton Rosa, economista-chefe do SulAmerica Investimento.

O BC sustentou que o dado do segundo trimestre não altera sua projeção de crescimento de 7,3 por cento no ano. "O Banco Central está totalmente confortável com esse crescimento, absolutamente dentro das previsões", afirmou Meirelles a jornalistas.

Ele destacou que o PIB é uma média do crescimento ocorrido nos três meses, mas que o indicador de atividade do próprio BC, o IBC-Br, mostra que a economia ficou praticamente estável de abril a junho na comparação com março.

O IBC-br teve alta de 0,23 por cento em abril ante março, caiu 0,06 por cento em maio e subiu somente 0,02 por cento em junho.

"Nós esperamos, olhando à frente, um crescimento moderado no terceiro trimestre e no quarto, fazendo com que a economia venha a crescer em torno do equilíbrio de longo prazo do país", acrescentou Meirelles.

REVISÃO DO PIB?

O Itaú Unibanco calcula que, na hipótese de crescimento zero no terceiro e quarto trimestres, já estaria garantida uma expansão de 7 por cento no ano.

"Portanto, o resultado divulgado eleva consideravelmente a chance de um crescimento do PIB, em 2010, acima da nossa projeção atual, de 7,5 por cento", destacou o economista do banco Aurélio Bicalho.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também afirmou que o desempenho acumulado até o segundo trimestre proporciona crescimento de, pelo menos 7 por cento, neste ano.

Para Rodrigo Maranhão, operador de juros do Banco Prosper, os números do PIB não sinalizam mais aperto.

"O mercado está apostando na alta da Selic em 2011. Não acredito nessa leitura porque, pelo que Meirelles falou, isso (o PIB) já estava na conta do BC quando eles decidiram a Selic", disse.O BC manteve a taxa básica de juros na última semana. Na reunião anterior, em julho, o banco promoveu um corte de 0,50 ponto da taxa, inferior ao de 0,75 ponto esperado por muitos analistas. Na ata daquela reunião, o BC destacou redução dos riscos inflacionários.

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