Mesmo o Banco Central tendo reforçado suas atuações no mercado de câmbio nesta segunda-feira (17), o dólar voltou a subir em relação ao real e renovou sua maior cotação em nove anos, com investidores cautelosos enquanto aguardam os nomes da equipe econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT).
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve ligeira alta de 0,2%, para R$ 2,604 na venda. Com isso, renovou seu maior valor desde 18 de abril de 2005, quando valia R$ 2,619. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, fechou praticamente estável, com leve avanço de 0,11%, para R$ 2,603 - também maior cotação desde 18 de abril de 2005, quando estava em R$ 2,608.
Conforme anunciou na sexta-feira (14), o BC reforçou as intervenções no mercado de câmbio a partir desta segunda (17). A instituição aumentou de 9.000 para 14.000 a oferta diária de contratos de swap cambial nas operações de rolagem dos papéis que vencem em 1º de dezembro de 2014.
Esses leilões têm sobre o mercado de câmbio efeito similar ao da venda de dólares. Ou seja, ajudam a segurar as cotações.
Na operação desta segunda (17), a autoridade estendeu o vencimento de 9.700 papéis de 1º de dezembro do mês que vem para 4 de janeiro de 2016. Outros 4.300 contratos tiveram prazo estendido a 3 de março de 2015.
No total, foram movimentados US$ 680,2 milhões. Até o momento, a autoridade já rolou cerca de 47% do lote total com prazo para o primeiro dia do mês que vem, que equivale a US$ 9,831 bilhões.
Nesta segunda (17), o BC também deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 novos contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 197,4 milhões.
Desses papéis, 3.000 têm vencimento para 1º de junho de 2015 e outros 1.000 possuem prazo para 2º de setembro do ano que vem.
Avaliações
"A maior preocupação continua sendo em relação à equipe econômica. O tempo é contra a Dilma. Quanto mais ela demorar [para anunciar os nomes da equipe], mais volatilidade haverá no mercado", diz Paulo Petrassi, sócio operador da Leme Investimentos.
Segundo Petrassi, os escândalos da Petrobras também influenciam o câmbio, pois aumentam a aversão ao risco entre os investidores. "Além de ver toda essa confusão envolvendo a principal estatal do país e a demora para sair os nomes da equipe econômica, o mercado também começa a monitorar o nível de alavancagem do BC com swaps."
A expectativa de analistas e economistas ouvidos pela reportagem é que a moeda americana vai continuar pressionada no curto prazo.
"Se o governo anunciar um bom ministro, uma boa política econômica, pode ser que o dólar comece a ceder, mas acho difícil. O Tombini [atual presidente do BC e um dos nomes especulados para assumir a Fazenda] é um profissional técnico, mas não tem força em relação à Dilma. Deve ceder às vontades dela se estiver à frente do ministério", diz Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho.
Petrobras
Na mercado de ações, a Petrobras voltou a ser a principal referência do dia. As ações da estatal caíram mais de 4% nesta segunda (17) e puxaram o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, para baixo.
Para analistas, o movimento refletiu a preocupação dos investidores com escândalos de corrupção na estatal, que provocaram o adiamento de seu balanço do terceiro trimestre e, segundo a própria companhia, podem impactar suas demonstrações contábeis.
As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras cederam 4,55%, para R$ 12,60 cada uma, se aproximando da menor cotação do ano, registrada em 17 de março, quando fecharam em R$ 12,57. Já os papéis ordinários da empresa tiveram desvalorização de 5,09%, para R$ 12,13 cada um.
Com isso, o Ibovespa mostrou baixa de 1%, aos 51.256 pontos. O volume financeiro foi de R$ 9,179 bilhões, inflado pelo vencimento de opções sobre ações, que movimentou R$ 4,16 bilhões nesta segunda-feira (17).
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