Paralisação na Volks foi aprovada em assembleia, ontem| Foto: Adonis Guerra/Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Funcionários da Volkswagen de São Bernardo (SP) decidiram em assembleia iniciar uma paralisação interna contra as 800 demissões anunciadas pela montadora nos últimos dias. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a estratégia é entrar na empresa, mas permanecer parado, sem trabalhar.

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A crise no ABC paulista, berço do PT, mobilizou o núcleo central do governo. Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, foram chamados ao Palácio do Planalto para discutir o problema com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o ministro-chefe da Secretaria Geral, Miguel Rossetto, responsável pelo contato com os movimentos sociais e centrais sindicais.

Pouco antes, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, havia recebido o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, para ouvir um relato sobre as demissões.

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No que promete ser o primeiro grande teste da nova diretriz de política econômica, o governo não pretende adotar medidas de socorro. "Em princípio, não", disse Monteiro. "Não para a realidade que está posta."

Em outra frente, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, telefonou para o presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, para oferecer a intermediação do governo nas negociações entre empresa e sindicato. Nas reuniões no Planalto, Levy e Barbosa insistiram sobre a importância de o governo não recuar da decisão de elevar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis, que entrou em vigor no dia 1.º de janeiro.

Momento de sacrifício

Para a equipe econômica, este é um novo momento, de ajustes, em que é preciso que sejam feitos sacrifícios. Eles ponderaram que a indústria automobilística poderia contribuir com sua parte, depois de terem sido beneficiadas por tanto tempo com reduções de impostos. Desde a crise de 2008, e até janeiro de 2014, o governo abriu mão de arrecadar R$ 12,3 bilhões em IPI das montadoras.

O entendimento no governo é que as montadoras passam por dificuldades, assim como o restante da indústria. "É uma conjuntura própria das flutuações em todos os mercados", disse Monteiro. Ele observou que outras empresas também têm feito ajuste em seus quadros – porém, com menor repercussão política do que a vista no setor automobilístico.

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Mas, segundo Monteiro, a Anfavea não pediu ajuda. A conversa com Moan restringiu-se a uma explicação sobre por que a Volks realizou as demissões e uma avaliação que essa não é uma tendência generalizada no setor. "Não há nenhuma posição de buscar socorro, nem medida salvadora", disse.