• Carregando...
O cineasta Michael Moore: seu novo documentário, sobre o capitalismo, já foi lançado nos EUA mas ainda não tem data para chegar ao Brasil | Molly Riley/Reuters
O cineasta Michael Moore: seu novo documentário, sobre o capitalismo, já foi lançado nos EUA mas ainda não tem data para chegar ao Brasil| Foto: Molly Riley/Reuters

Michael Moore não sabe o que é capitalismo. Seu último documentário, Capitalismo: uma história de amor, é prova disso. O novo trabalho do cineasta tenta comprovar a tese de que o sistema econômico dos Estados Unidos está destruindo a democracia do país. Em troca, ele propõe a instauração do socialismo, que tampouco ele parece saber o significado.

"Capitalismo" começa comparando o atual momento vivido pelos EUA com o período de decadência do Império Romano. A obsessão pelo status, o descaso com a vida humana, os ingredientes são os mesmos, diz Moore. E passa então a contar histórias para corroborar essa ideia.

São histórias, de fato, assustadoras, ainda que pouco originais – todas já foram esmiuçadas pela imprensa americana muito antes do lançamento do filme. Uma delas conta o caso de dois juízes do interior do estado da Pennsylvania que condenavam jovens à prisão em troca de dinheiro de operadores privados (nos EUA, muitas prisões são privatizadas).

Em outro caso, Moore faz uma visita às famílias de duas "vítimas" do seguro de saúde que passou a ser conhecido nos EUA como "Dead Peasant" (Camponês Morto), em que o empregador chega a receber milhões de dólares com a morte de um funcionário – mas a família não recebe nada.

O problema de Moore é que a cega profissão de fé contra o livre mercado faça-o apontar qualquer falha no sistema atual como motivo para uma revolução e a implementação de uma nova ordem utópica em que políticos bonzinhos serviriam ao interesse do bem-comum. Como em filmes anteriores, manipula os fatos e conta só a parte da história que lhe interessa.

As incoerências são muitas: no começo do filme, aponta que a ruína da América atual começou quan­­do Ronald Reagan chegou ao poder ("o homem que saiu dos filmes B para administrar o país co­­mo um corporação"). Mais tarde, lamenta que o verdadeiro problema foi que a Second Bill of Right, de Franklyn D. Roosevelt, não chegou a ser aprovada – a carta que ga­­ran­­tia saúde universal, direito a uma moradia decente, educação grátis, etc, para todos os americanos. Moore também gasta uma boa parte do filme criticando a relação promíscua entre Wall Street e a Casa Branca, posicionando-se fortemente contra o bail-out (a ajuda do governo aos bancos) promovido no fim do governo Bush. Moore glorifica Obama, mas não diz que o bail-out foi continuado pela atual administração. No mais, é certo que os principais teóricos do capitalismo, de Friedman a Hayek, seriam os primeiros a criticar a intervenção governamental no mercado. É exatamente o que prega o capitalismo: deixem o mercado livre. Só falta avisar Michael Moore que o que ele não gosta não é do capitalismo, mas sim do capitalismo de estado.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]