A Microsoft lança nesta terça-feira (22) a versão 2016 de seu pacote de produtividade Office para Windows, que passa a ter a capacidade de salvar documentos on-line e editá-los em tempo real, de maneira semelhante ao Google Docs e um “assistente pessoal” que dá atalhos a perguntas para certas tarefas.

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O conjunto de programas, que inclui Word, Excel, Outlook, PowerPoint e outros é vendido por a partir de R$ 319. Será distribuído como atualização gratuita para os assinantes do Office 365 (R$ 21 mensais), que podem ter acesso à nova edição em 1º de outubro.

A edição “ao vivo” do novo Office é integrada ao serviço de armazenamento em nuvem da Microsoft, o OneDrive (requer uma conta Microsoft, Hotmail ou Live) e vale para o Word, para o PowerPoint e para o OneNote. O recurso já estava disponível por meio do navegador na versão web do Word on-line.

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A função de colaboração será introduzida às demais versões, além da para Windows, em um “futuro breve”, disse uma funcionária da Microsoft durante um evento para jornalistas em Nova York.

A companhia, que diz que seus programas de produtividade são usados por 1,2 bilhão de pessoas, definiu a mudança como a transição do Office para um “serviço de nuvem”.

O Dropbox, um dos mais populares serviços de armazenamento em nuvem, apresentou nesta segunda-feira (21) uma nova função, chamada Team, por meio da qual usuários podem centralizar o compartilhamento de arquivos em uma pasta entre diferentes grupos (equipes de colegas de trabalho, por exemplo).

Anteriormente, o aplicativo já havia anunciado integração às versões do Office para web, para Android e para iOS para permitir salvar na nuvem.

Questionado sobre quais as vantagens do novo Office em relação ao Google Docs, o diretor da divisão de Office no Brasil, Alessandro Belgamo, disse que seu produto “funciona melhor off-line” e é “uma ferramenta mais capaz, no geral.” “Além disso, os formatos do Office [como .doc,.xls] são meio que padrão.”

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Inteligência

A ferramenta Tell Me (“diga-me”) do novo Office é uma barra de busca situada no topo dos programas com a frase “o que você deseja fazer”. É uma espécie de sucessor do Clippy, o assistente virtual em formato de clipe de papel -muitas vezes considerado intrusivo pelos usuários das versões do Office entre 97 e 2003.

Com a Tell Me, em vez de receber conselhos, o usuário é que pergunta sobre como fazer determinada tarefa. Em um exemplo, se ele digitar “espaçamento”, a Tell Me exibe instantaneamente a função de alterar esse parâmetro na formatação do documento no Word.

Outra capacidade que deixou o Office mais “esperto” é a chamada pesquisa inteligente, semelhante à ferramenta de pesquisa que o Google adicionou ao Docs em 2012.

Baseada no buscador Bing, da empresa, a capacidade permite selecionar parte do texto do documento e procurar na web em serviços como a Wikipédia sem ter de deixar o programa. Infelizmente não é possível alterar o motor de busca (para o Google, por exemplo).

Em relação à assistente virtual Cortana, que será integrada ao novo Office na versão em inglês, a empresa diz que ela chegará ao Brasil “em muitíssimo breve”. Apesar de não precisar a data, a Microsoft afirma que o lançamento em português brasileiro da assistente será realizado até o fim do ano.

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No Excel, a principal novidade “inteligente” é uma nova ferramenta de projeções que se baseia em dados antigos para fazer estimativas otimistas, pessimistas e uma entre elas. O programa de planilhas também ganhou novos tipos de gráficos.

E-mail

O Outlook, que passa a ter anexos “na nuvem”, como o Gmail (o que permite que arquivos de qualquer tamanho sejam enviados), ganhará outra função que pode ser considerada como “emprestada” de um serviço do Google: caixa de entrada prioritária.

Com a função Clutter ativada, só serão imediatamente entregues os e-mails considerados importantes pelo algoritmo do programa. Ao passo que o usuário categoriza as mensagens como “tranqueira” (ou o contrário), o Outlook se torna mais preciso na filtragem, segundo a companhia.

Para isso, o serviço tem de vasculhar pelo texto e pelo assunto da mensagem e pelos contatos envolvidos. Dessa maneira, e-mails com a palavra “reunião” e enviada para o usuário como único destinatário seriam preferidas, em detrimento dos que foram encaminhados (“forwards”) e que tenham múltiplos recipientes.

Distribuição

O novo Office é compatível com Windows 7, Windows 8 e Windows 10 e requer no mínimo 2 Gbytes de memória RAM e 3 Gbytes de armazenamento disponíveis em disco.

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Usuários do Office para Mac também podem comprar a versão 2016 a partir desta terça – assinantes já tinham acesso aos novos programas desde julho. Na edição para o sistema operacional para computadores da Apple, o OS X, haverá ligeiras mudanças, como a inclusão de busca “inteligente” e suporte a teclados sem fio e a acessórios de escrita manual, como canetas stylus.

Quem quiser ter acesso imediato ao novo Office pode ou comprar o software de maneira avulsa ou fazer uma nova assinatura do Office 365, que também dá direito a 1 Tbyte de armazenamento no OneDrive e à instalação dos aplicativos para um tablet e um celular, sejam eles equipados com Android, iOS ou Windows Phone.

Segundo o executivo Belgamo, a maior parte dos usuários pagantes do Office hoje optam pela assinatura do serviço em vez da compra do programa de maneira “permanente”: de cada dez vendas de Office no Brasil, nove são por meio da assinatura do Office 365 e, mesmo nas lojas físicas, 80% preferem o modelo de assinatura, que está ajudando a empresa a combater a pirataria, segundo ele.

“Estamos avançando muito nesse sentido: houve aumento de 74% no número de assinaturas globalmente entre julho do ano passado e julho último, enquanto no Brasil o crescimento foi de 211%”, diz. Belgamo afirma que a possibilidade de usar o Office em apps além de no computador favorece o modelo.

Em relação à versão de testes, a Preview, o pacote final tem poucas mudanças, segundo ele.

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Nova Microsoft

“O lançamento do novo Office representa uma nova Microsoft”, disse Jared Sparato, gerente-geral de marketing da divisão de produtividade da empresa cofundada por Bill Gates.

No último dia 9, um executivo da Microsoft subiu ao palco pela primeira vez durante um evento da Apple, no anúncio dos novos iPhones.

Kirk Koenigsbauer, vice-presidente corporativo de Office, falou justamente dos aplicativos Word, Excel e companhia para o futuro tablet gigante da fabricante do iPhone, intitulado iPad Pro e pensado para uso profissional.

“A maneira como as pessoas trabalham se transformou significativamente e é por isso que a Microsoft está se dedicando a mudar a produtividade e os processos de negócios para este mundo onde a nuvem e os dispositivos móveis vêm primeiro”, disse o presidente-executivo, Satya Nadella, por meio de comunicado nesta terça.

Foi sob a tutela do novo comandante, de origem indiana e que tem como “conselheiro tecnológico” Gates em si, que a Microsoft voltou suas atenções para serviços de nuvem, ou SaaS (“software como serviço” na sigla em inglês).

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Nesse sentido, vem se esforçando para deixar seus programas com a mesma cara em diferentes aparelhos, sejam equipados com sistemas operacionais da Microsoft ou não, criou um substituto para o Internet Explorer e apostou em segmentos diferentes, como o de realidade virtual, ao mesmo tempo em que voltou atrás com apostas fracassadas, como o apelo “sensível ao toque” do Windows 8.