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Ficha técnica

• Journey

• Plataforma: PS3

• Categoria: Aventura

• Preço: R$ 40

• Pró: Multiplayer oculto

• Contra: Não há

Notas

Sucesso

É incomum uma obra que ousa na narrativa com claro viés artístico ser um sucesso de público. Um dos casos mais notórios da exceção à regra é 2001: uma odisseia no espaço, com o qual Stanley Kubrick conseguiu lotar cinemas com cabeludos fascinados pelas imagens lisérgicas de sua história poética espacial. O Journey segue o mesmo caminho é já considerado o jogo que vendeu mais rapidamente na Playstation Network norte-americana, segundo o diretor da thatgamecompany, Jenova Chen. O então detentor do título de mais comprado era InFamous 2: Festival of Blood.

De graça

Um dos melhores jogos já criados e referência em estratégia em tempo real, Age of Empires ganhou uma versão gratuita. Desde a semana passada, é possível baixar o jogo completo pela Steam. A pegadinha?

São poucas as civilizações disponíveis. Para aumentar o número é preciso pagar a parte. Quem quiser jogar com gregos, egípcios e persas terá que desembolsar aproximadamente R$ 10 por nação.

O mais esperado

O mundo dos games mudou tanto nos últimos anos que já não impressiona um jogo considerado independe conseguir criar expectativa entre os jogadores no mesmo patamar dos lançamentos dos grandes estúdios. Fez, um game de aventura que brincará com as convenções de dimensão (vai no Youtube para entender), está em produção há quatro anos e vem sendo adiado para desespero dos jogadores. Na semana passada, no entanto, a Polytron anunciou que a espera acaba em 13 de abril, quando Fez será lançado.

  • Cenas de Journey: mistério na criação da thatgamecompany

Sentado no sofá para começar um novo jogo. Comprado, baixado. Só apertar o play. Na internet já havia muitas informações. Pelos vídeos, ficava claro se tratar de um projeto independente e com tendências artísticas. Mais um? Journey pelo menos tinha um bom pedigree, fora criado pela thatgamecompany, mesma companhia que havia desenvolvido FlOwer. Começa com um personagem sentado no deserto contemplando o sol. É preciso movimentar-se pela areia, mas nada na tela indica o caminho a seguir. Uma luz chama a atenção, mesmo num cenário super exposto. Siga a luz, é o que sempre se houve falar. Opa, dá para deslizar.

Sigo o caminho até encontrar uns pedaços de tecidos que flutuam. Um movimento e eles cercam o personagem. Uma nova habilidade é conquistada. Este ser envolvo por uma gigantesca capa, uma espécie de burca marrom com um echarpe que cresce conforme vai se encontrando novos pedaços de tecido, agora pode alçar pequenos voos. Ou grandes pulos, depende do ponto de vista.

Para direcionar o personagem é preciso utilizar os sensores de movimentos do controle do PS3. Lembra muito FlOwer, mas com a melancolia do clássico Shadow of Colossus. Nenhuma cena explica a história. Na tela, a ausência de gráficos que deveriam indicar números de vidas, mapas ou armas se faz presente. Nem uma mísera barra de energia.

O cenário é amplo e dá medo pensar que pode ser explorado em sua totalidade. Melhor focar em seguir os poucos objetos que aparecerem na tela, como lápides e ruínas de possíveis templos persas (é um chute). Em dado momento, o personagem passa a emitir pequenas notas músicas.

Seria sua única linguagem? Então posso pular, andar e emitir notas.

Só. Sigo a luz.

Institivamente interajo com os parcos objetos que ajudam a seguir o caminho. Por pura macumba e sem qualquer intenção do jogador, tapetes formam pontes e dão acesso a capelas (mais um chute). Fim do primeiro ato e um ser sem face, com olhos iluminados e bem maior que o personagem principal aparece, faz uma espécie de cumprimento e parte.

Pelo menos agora há uma referência. O protagonista pode ser uma criança. Está à procura de quê? Melancolia de Shadow of Colossus, repito, com cenas bucólicas de FlOwer. Um nó na garganta e um novo personagem aparece do nada. Do nada.

Ele é igual ao protagonista e se move de maneira errática. É surpreendente quando se chega à conclusão que se trata de um outro jogador. Ninguém avisou que era multiplayer. Por uma empatia não explicada, tentamos interagir. Não há qualquer tipo de identificação, sem caixas de diálogo ou mensagens por voz. Apelo para as notas musicais. O outro responde. Deveria ter aprendido código morse, penso frustrado. E dou um sorriso ao concluir que um gordo japonês comedor de lulas vivas sentado do outro lado do mundo pensou o mesmo. Ou poderia ser uma modelo finlandesa durante uma demonstração em alguma feira de games. Solto três notas musicais na dúvida.

Seguimos juntos até a jornada ser interrompida por uma queda de conexão. O sentimento de perda toma conta e praguejo contra estatais da telefonia e seus péssimos serviços. Impossível reencontrar o parceiro (a), pois o máximo de informações que tinha era que ele (a) sempre tentava ir pra o caminho errado. Não consegui explicar com notas musicais a teoria do caminho da luz. Mas, bom companheiro (a) que era, seguia-me com fidelidade canina. Recomeço com a decisão de não achar um substituto. Aprendi a admirar aquele ser anônimo. Agora a estrada seria solitária. Cada um com sua jornada.

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