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Operação Sem Desconto

Ministro diz que CGU poderia ter investigado fraudes no INSS antes de 2023

Previdência Social
Vinícius Carvalho afirma que antiga gestão da CGU deixou de investigar aumento de descontos e de entidades conveniadas ao INSS. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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O ministro Vinícius Marques de Carvalho, que comanda a Controladoria-Geral da União (CGU), afirmou que as fraudes reveladas pela Polícia Federal nesta quarta (23) poderiam ter sido investigadas antes do ano de 2023, quando a atual gestão começou a apurar os primeiros indícios de descontos irregulares de aposentados e pensionistas.

Um pouco mais cedo, a autoridade deflagrou a primeira fase da Operação Sem Desconto, que apura um possível desvio de R$ 6,3 bilhões em descontos associativos de beneficiários do INSS, e que levou ao afastamento do presidente do órgão, Alessandro Steffanuto. As fraudes, diz a CGU, teriam começado em 2016 e disparado em 2022, quando o montante deu um salto e aumentaram as reclamações.

“A nossa investigação na CGU começou em 2023, [quando] nós chegamos. Isso não era investigado antes na CGU, podia ter sido investigado pela CGU, pela Polícia Federal antes. Havia motivos para investigação antes”, disse o ministro em entrevista à GloboNews.

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Vinícius Marques de Carvalho afirma que a atual gestão da CGU identificou um crescimento na quantidade de reclamações de beneficiários e de entidades que prestavam serviços associativos, mas que muitas delas sequer tinham capacidade operacional para justificar os descontos. Muitas, inclusive, não entregaram a documentação completa exigida, mas, mesmo assim, passaram a atuar em convênio com o INSS.

Segundo os dados apresentados mais cedo durante uma entrevista coletiva, das 29 entidades indicadas por uma amostra de 1,3 mil aposentados em que a maioria apontou suspeita de fraudes, 70% estavam operando irregularmente. Destas, 9 tiveram os acordos com o INSS suspensos para se fazer um “freio de arrumação”, e 190 mil pedidos de revisão já foram feitos por aposentados e pensionistas.

Ele também afirmou, mais cedo, que os descontos passaram de um montante total de R$ 413 milhões em 2016 para R$ 2,8 bilhões em 2024. A disparada ocorreu principalmente nos anos de 2022 (R$ 706 milhões), 2023 (R$ 1,2 bilhão) e no ano passado, o que gerou a desconfiança de um possível esquema criminoso.

“A maioria delas [entidades] foram cadastradas pelo INSS em 2022, e algumas antes em 2017 e em 2019. [...] Começamos essa apuração em 2023 e levamos essa preocupação ao INSS em 2024”, pontuou. Carvalho afirmou que a Polícia Federal também já tinha inquéritos abertos contra algumas entidades, o que levou a uma ação integrada até a deflagração da operação desta quarta (23).

De acordo com ele, não há dúvida de que “houve falha de controle” por parte do INSS ao autorizar o funcionamento das entidades irregulares e de averiguar a veracidade das autorizações dos beneficiários para os descontos feitos por elas.

Ainda segundo o ministro, a investigação agora vai aprofundar a participação de cada um dos citados pela investigação, entre afastados e presos. Ao todo, cinco diretores do INSS foram afastados dos cargos e três pessoas foram presas.

Carvalho, no entanto, evitou comentar se Stefanutto sabia ou não da existência do possível esquema de desvio dos recursos, e que a investigação é que vai individualizar as condutas dos suspeitos.

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