Cingapura – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve ontem a previsão de que o Brasil crescerá 4% neste ano e afirmou que a "prioridade máxima’’ de um eventual segundo mantado do presidente Lula será a reforma tributária. "Existe uma grande pauta tributária para o próximo governo. Assim que o Congresso voltar a funcionar, vou comandar pessoalmente essa questão. É uma prioridade que temos’’, disse ele no encontro do FMI em Cingapura. Segundo Mantega, se eleito no primeiro turno, o governo terá um "grande capital político’’ para "mobilizar o país’’ em torno do projeto. "As classes produtoras vão apoiar. Haverá uma nova leva de parlamentares dispostos a melhorar a imagem do Congresso e isso vai ajudar.’’

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Previsões

Ao comentar o assunto, o ministro sinalizou sua expectativa de continuar no comando da Fazenda. "Vou pessoalmente comandar essa reforma no Congresso Nacional quando ele voltar a funcionar", afirmou. Segundo ele, os novos parlamentares que serão eleitos neste ano vão querer melhorar a imagem do Congresso e isso poderá facilitar a aprovação das reformas. "Se o presidente Lula for eleito no primeiro turno, como parece, ele usará esse capital político forte para promover novas reformas importantes ao país no primeiro ano", disse.

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Mantega afirmou que o objetivo do governo será o de ampliar e aprovar as medidas contidas no pacote de reforma tributária já apresentado ao Congresso. Mas ele informou que governo poderá optar pela proposição de um Imposto de Valor Agregado (IVA) ao invés da proposta já apresentada de um ICMS homogêneo para todos os estados. Mantega disse também que o governo pretende continuar o processo de redução de tributação sobre bens de capital. "De fato a carga tributária no país subiu muito e o objetivo central das reformas será a maior racionalidade e redução de custos", disse.

Mantega disse que a reforma tributária ajudará a compensar a perda de competitividade de setores exportadores brasileiros causada pela valorização do real ."Não se pode contar mais com um câmbio desvalorizado, a menos que se recorresse ao artificialismo cambial promovido pela China, o que não vai acontecer de maneira alguma no Brasil, onde o câmbio é livre e flutuante", disse. "Por isso, o caminho é a redução do custo financeiro."

Rebatendo críticas

Mantega reafirmou a previsão oficial do governo de que a economia brasileira crescerá 4% neste ano, um resultado inferior à expectativa da maioria dos analistas do mercado e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que é de 2,6%. "Eu garanto que a economia vai crescer em torno de 4%", disse Mantega. Ele disse que o Fundo periodicamente revisa suas previsões e isso vai ocorrer no caso do Brasil. "Não me preocupo com esses detalhes pois a economia brasileira teve uma desaceleração no segundo trimestre mas temos indicadores fortes – como as vendas de automóveis – de que a economia está crescendo", disse. "Estou tranqüilo que vamos continuar crescendo e chegar aos 4%."

Mantega reconheceu, porém, que a taxa de investimentos públicos e privados, hoje em torno de 20% do PIB é baixa no Brasil e que isso segura o crescimento. Ele afirmou que o recente pacote para o setor da construção civil tem o objetivo de acelerar os investimentos.

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Juros

Mantega disse que a queda inflacionária permitirá a continuidade do relaxamento monetário. "Os juros no Brasil vão continuar caindo e isso terá um impacto positivo na atividade", afirmou.