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Assaí focou, nos últimos dois anos, em fortalecer mercados em que já atua | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Assaí focou, nos últimos dois anos, em fortalecer mercados em que já atua| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Eles ganharam o coração dos brasileiros no período de crise, e já são o número um na hora de fazer compras. Os “atacarejos” tiveram mais um bom ano, em 2018 — o otimismo que deve se manter, pelos próximos meses. Mas para tudo há um limite. E as grandes redes já desenham estratégias para, lá na frente, pisarem no freio.

Em 2018, pela primeira vez na história, os atarejos superaram os supermercados como o segmento mais frequentado pelos brasileiros na hora de fazer compras. Os hipermercados, cuja participação vem caindo ano a ano, amargam a terceira colocação, segundo estudo da Nielsen.

A migração se traduz em bons resultados. As grandes redes, além de manterem um ritmo acelerado de inaugurações, estão vendendo mais também nas lojas já existentes.

O Atacadão, do Grupo Carrefour, representou nada menos do que dois terços do total de vendas brutas do grupo, em 2018. Foram R$ 37 milhões, de um universo de R$ 56 milhões. Fruto de uma mescla de inaugurações e crescimento nas vendas de lojas já existentes.

“A força do modelo Atacadão foi comprovada pela sólida aceleração de vendas no [segmento de] mesmas lojas”, defendeu o CEO do Atacadão, Roberto Müssnich, em conversa com investidores.

No ano passado (2018), pela primeira vez, o Atacadão atingiu a meta de 20 aberturas. “A maioria das inaugurações foi em cidades onde ainda não estávamos presentes, ou seja, ampliamos nossa capilaridade”, relata Müssnich.

Mas as lojas já existentes também cumpriram seu papel. O segmento de “mesmas lojas” aumentou, trimestre a trimestre, sua participação no crescimento da rede. Saltando de 0,5%, no primeiro, para 7,4%, no último.

Na soma de antigas e novas lojas, o Atacadão registrou um lucro bruto de R$ 5,3 bilhões, em 2018.

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Expansão territorial

O modelo “atacarejo”, que mescla características de atacado e varejo alimentar, focando em atender tanto famílias quanto comerciantes, se poopularizou com maior intensidade na última década.

As aquisições do Atacadão, pelo Carrefour, e do Assaí, pelo Grupo Pão de Açúcar, nos anos 2000, impulsionaram um novo momento do setor, em que as grandes redes entram na briga com grupos regionais.

A expansão funciona como em um jogo de War, em que as marcas primeiro ganham território e, aos poucos, precisam consolidar sua presença. O Assaí, por exemplo, focou nos últimos dois anos em reforçar a presença em praças em que a marca já atua. Para 2019, a meta é abrir novos mercados, e há lojas previstas em Rondônia, Roraima, Maranhão, Tocantins e Amapá (a primeira no hemisfério Norte).

Qual o ponto de saturação?

A necessidade de se consolidar em mercados já existentes acende um alerta laranja para os atacarejos. “Até onde vai este canal? Qual o índice de saturação? Onde ele chega em um ponto em que entra na estabilização?” são questões a serem consideradas, como admitiu o CEO do Assaí, Belmiro Gomes, em conversa com investidores.

A rede enxerga um risco de “canibilização” (em que suas próprias lojas roubam clientes entre si) no público pessoa jurídica, de comerciantes, já que a área de influência da loja é maior. No público de pessoas físicas praticamente não há — há espaço para um número maior de unidades atendendo diferentes regiões de uma grande cidade, por exemplo.

A expectativa do Assaí é de que o formato atacarejo, como um todo, no máximo repita, em 2019, a crescimento registrado no ano passado.

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Equilíbrio

A estratégia do Atacadão é equilibrar entre a proteção de mercados já existentes e a exploração de novos. Além disso, a rede já trabalha com lojas em terrenos menores em situações específicas, como em cidades onde o preço do metro quadrado urbano é muito alto.

O CEO Roberto Müssnich destaca que esta adaptação não implica em uma mudança no modelo do negócio. “Nós temos feito lojas de tamanhos menores desde que não comprometam o bom equilíbrio e a operação”. Em resumo, as lojas funcionam como o próprio estoque, e o custo da operação deve ser baixo, para manter uma taxa de rentabilidade.

Dos segmentos de varejo alimentar, o atacarejo foi o único que registrou números positivos no ano passado (2018). Estudo da Nielsen indica alta de 13,9% no valor de vendas e de 12,8% no volume. Já no supermercados a queda foi de 2,6% no faturamento e de 2,7% no volume. Entre os hipermercados, a retração chega a 5,9% e 6,4%, respectivamente.

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