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Na linha de montagem da TAC, em Santa Catarina: veículo criado pela montadora foi preparado para conquistar os fãs de trilhas e pode ser comprado por R$ 98,7 mil | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
Na linha de montagem da TAC, em Santa Catarina: veículo criado pela montadora foi preparado para conquistar os fãs de trilhas e pode ser comprado por R$ 98,7 mil| Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo

Planejamento

Projeto prevê até abertura de capital

O projeto da TAC é um caso raro de "start up", ou empreendimento inovador, que combina uma iniciativa setorial e um produto com uma cadeia de produção bastante longa. Apesar de se dedicar a um nicho de mercado, a produção do Stark exigiu a mobilização de 92 fornecedores, algo bastante difícil de ser feito por homens de negócio que têm apenas um protótipo para apresentar. O segredo para chegar à viabilidade comercial, segundo Adolfo Cesar dos Santos, diretor presidente da companhia, foi ter um projeto de engenharia bem feito, e um design que chamasse a atenção.

"Chamamos a atenção das grandes montadoras, o que nos permitiu conseguir o motor fornecido pela FPT. Também conquistamos centenas de horas de engenharia dos fornecedores para desenvolver componentes, o que não é fácil para quem não tem escala", destaca Santos. A tecnologia também foi fundamental. Com acesso a softwares de ponta, os engenheiros entregaram um projeto confiável e foi possível realizar no mundo virtual uma fase que faz parte do dia a dia das grandes montadoras: a confecção de um modelo de argila em escala natural para testes. "Esse modelo custa caro e exige um ambiente controlado", explica o executivo.

A TAC também teve um planejamento organizacional que é bastante comum nas start ups nos Estados Unidos. Desde o início ela adotou o modelo de governança corporativa exigido pelo Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A companhia tem um conselho de administração e o capital é pulverizado entre os 90 sócios. Assim, ela está preparada para, por exemplo, receber um aporte de um fundo de private equity (que geralmente investe em empresas emergentes) – o plano de negócios da TAC, aliás, prevê um aporte de R$ 4 milhões neste momento para colocar o offroad no mercado. "A governança também nos credencia a fazer um lançamento de ações na bolsa no futuro", observa Santos.

Um pequeno galpão em Join­ville, Santa Catarina, abriga a mais nova montadora do país. Fruto de um investimento de R$ 15 milhões, pequeno diante dos bilhões movimentados pelo setor, a TAC fabrica desde janeiro 12 unidades por mês do offroad Stark. Os veículos são montados por 25 funcionários, em uma linha de montagem sem a automação que caracteriza essa indústria. A modéstia do negócio, porém, é só aparência. A TAC é fruto de um projeto desenvolvido com cuidado e que pretende dar passos largos.A abertura de uma montadora de veículos em Santa Catarina é um sonho antigo do empresariado local. A região tem tradição no ramo metal-mecânico e abriga diversos fornecedores da cadeia automotiva. Em 2001, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) criou um programa para avaliar a possibilidade de se fabricarem carros no estado. Um estudo sobre o setor chegou a uma conclusão otimista: havia espaço para atuar em nichos de mercado. Um grupo de investidores comprou a ideia e começou o desenvolvimento do primeiro protótipo."Desde o começo tínhamos a intenção de fazer algo de gente grande. Não era experimental", conta Adolfo Cesar dos Santos, diretor presidente da TAC. "Contratamos engenheiros para fazer um projeto consistente e fugimos da produção artesanal. Hoje temos uma plataforma que é somente nossa e todos os itens são industrializados", completa. Também foi contratado um escritório de design, que desenvolveu as linhas do Stark, o offroad que chega agora ao mercado – o desenho já recebeu três prêmios desde a apresentação.

O primeiro protótipo do Stark ficou pronto em 2004. Ele passou por testes junto a consumidores e provas de desempenho que deram informações para o aperfeiçoamento do produto. Em 2006, ele estava pronto para a primeira apresentação ao público, no Salão In­­ter­nacional do Automóvel de São Paulo. Nos dois anos seguintes, a companhia se dedicou a acertar detalhes do projeto e procurar fornecedores, uma das fases mais difíceis. "Temos 92 fornecedores e mais de 1,5 mil componentes projetados", calcula Santos. Nesse período, a TAC fechou uma parceria de fornecimento de motores com a Fiat Powertrain (FPT) – o motor diesel 2.3 16V é o mesmo que equipa a Ducato e é produzido em Sete Lagoas (MG).

No mercado

Em 2008, o Stark voltou ao Salão de São Paulo, dessa vez para o lançamento comercial. A fábrica foi instalada em um galpão dentro de um condomínio industrial de Joinville – ocupa uma área de 3,6 mil metros quadrados, que pode ser aumentada dentro do próprio condomínio – onde são recebidas todas as peças que compõem o Stark. A meta da empresa é chegar à produção de 30 unidades por mês até o fim do ano. A capacidade desta fase do projeto é de 220 unidades por mês e ela deve ser ocupada em três anos.

No momento, a fábrica atende aos pedidos que foram captados nas apresentações do Stark em feiras. "Temos 40 dias de produção vendidos. Também contamos com representantes em São Paulo, Belo Horizonte, Cuiabá e Vitória. O próximo passo é entrar no Paraná e no Rio Grande do Sul", explica o diretor. A montadora também desenvolve uma rede de assistência técnica nas cidades para onde o veículo já foi enviado.

O Stark foi preparado para conquistar os fãs de trilhas e estradas de terra – seu chassi é em aço tubular, tem suspensão independente, tração nas quatro rodas e exterior em fibra de vidro e plástico automotivo, que deixam o veículo mais leve. O preço é o de um brinquedo de luxo: R$ 98,7 mil. "Concorremos com outras opções de lazer, não com outros carros ou SUVs. O mercado de offroad cresce 17% ao ano desde 2003 e acho que estamos bem posicionados nele", afirma Santos.

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