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Se depender do número de possíveis compradores, a Tritec Motors não fechará as portas tão cedo. Com a produção suspensa há exatos 51 dias, a fabricante de motores de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, acrescentou mais duas montadoras à lista de empresas interessadas em comprá-la. Além das russas GAZ e AutoVAZ e da chinesa Lifan, agora o rol inclui duas brasileiras: a Fiat, líder do mercado nacional, e a desconhecida Óbvio, que só começa a produzir seus minicarros no ano que vem, no Rio de Janeiro.

Oficialmente, ambas negam a intenção de comprar a fábrica paranaense, mas circula pelo mercado a informação de que elas já teriam contatado a norte-americana Chrysler – que passou a controlar sozinha a Tritec no início de julho, quando a BMW deixou o empreendimento após 11 anos de parceria. A Chrysler anunciou recentemente que estudava vender ou mesmo fechar a fábrica.

Por meio de sua assessoria, a Fiat, que tem fábrica em Betim (MG), informou que "desconhece essa negociação". O presidente da Óbvio, Ricardo Machado, não quis se pronunciar. A Tritec segue com a resposta protocolar de que "a Chrysler continua buscando alternativas viáveis, e existem negociações em andamento nesse sentido".

Mas uma fonte do setor que acompanha de perto as negociações garante: a Óbvio tem recursos para comprar a fábrica e fez uma oferta firme por ela há três meses. A Fiat, por sua vez, precisa expandir sua produção de motores, e a compra da Tritec é vista como uma ótima opção – a fábrica é uma das mais modernas do setor e tem grande capacidade instalada (400 mil motores por ano). Analistas avaliam que o valor do negócio deve ficar próximo de US$ 250 milhões – metade do que a fábrica custou.

Na semana passada, o assunto evoluiu para a esfera jurídica. A Óbvio enviou à Tritec uma citação judicial em que ameaça ir à Justiça caso a empresa paranaense não cumpra um contrato exclusivo de fornecimento. A preocupação da Óbvio é que, sem os motores da Tritec, seu projeto pode ser novamente atrasado ou mesmo inviabilizado. Os estudos iniciaram em 2001, e o lançamento dos minicarros foi adiado inúmeras vezes – por enquanto, o início da produção está marcado para o fim de 2008.

Em documento que vazou para a imprensa, a montadora fluminense avisa que "não hesitará em adotar medidas cabíveis para assegurar o cumprimento integral da proposta de fornecimento de motores". O gerente jurídico da Tritec, Thomás Prete, diz que a empresa "não comenta providências judiciais ou extrajudiciais de escolha de seus clientes ou fornecedores" e que qualquer comentário sobre o futuro da fábrica será "mera especulação".

Há cerca de 20 dias, a Tritec demitiu 240 funcionários. Restaram 114, que trabalham no corpo administrativo ou na área de manutenção.

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