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Linha de produção da empresa, na RMC. Maior parte da receita vem da indústria automotiva, mas isso deve mudar | Daniel Caron/ Gazeta do Povo
Linha de produção da empresa, na RMC. Maior parte da receita vem da indústria automotiva, mas isso deve mudar| Foto: Daniel Caron/ Gazeta do Povo

Mudança

Divisão de energia eólica da empresa vai para a Bahia

Além da unidade de São José dos Pinhais, a MVC também tem fábricas em Caxias do Sul (RS), Catalão (GO, dedicada à fabricação de componentes para a Mitsubishi), Sete Lagoas (MG, voltada à Iveco) e Camaçari (BA). Esta última, inaugurada em dezembro, faz a montagem final de componentes para a espanhola Gamesa, que tem uma fábrica de turbinas eólicas na mesma cidade.

Hoje as peças são produzidas no Paraná e enviadas para a Bahia, mas em meados do ano toda a produção ficará a cargo da unidade baiana. "Faz mais sentido do ponto de vista logístico. Além disso, estamos precisamos de espaço aqui em São José, para as novas linhas que vamos implantar", explica o diretor-geral da MVC.

A divisão de produtos para energia eólica, que no ano passado respondeu por 3% das receitas da MVC (menos de R$ 4 milhões), deve faturar cerca de R$ 40 milhões em 2015 – o equivalente a 10% do total previsto pela empresa para aquele ano.

  • Já em 2013, MVC quer exportar 40% de sua produção voltada à construção civil. Na foto, o diretor-geral, Gilmar Lima

Fornecedora da indústria automotiva desde a fundação, em 1989, a MVC agora se esforça para reduzir sua dependência das montadoras de veículos. No ano passado, cerca de 80% das receitas da empresa, que tem sede em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), vieram dos compostos plásticos que ela produz para fabricantes de caminhões, ônibus, carros e máquinas agrícolas. Mas o planejamento da companhia prevê que essa fatia diminuirá bastante nos próximos quatro anos, abrindo espaço para três mercados que, de acordo com seu diretor-geral, Gilmar Lima, "vão crescer bastante no Brasil": energia eólica, transporte ferroviário e, principalmente, construção civil, no embalo do programa federal Minha Casa, Minha Vida.

"Produzir para o setor automotivo é estar sujeito a um mercado que oscila muito. E que envolve alto investimento, alto risco e margens extremamente apertadas. Ficamos espremidos entre os grandes fornecedores de matérias-primas e as montadoras", diz Lima. "Continuaremos produzindo para as montadoras, até aumentando a produção. A diferença é que o crescimento dessa área será menor que o das outras."

Faz uma década que a MVC começou a diversificar sua atuação, mas esse processo entra agora em fase decisiva, puxado por um rápido avanço na produção de componentes para a construção civil. Essa mudança fica evidente no plano de negócios da empresa, que chega ao detalhe de prever qual será seu faturamento ano a ano, de 2012 a 2015.

No ano passado, a divisão de produtos para construção faturou R$ 15 milhões, o equivalente a 12,5% da receita líquida (já descontados os impostos) da MVC. Em 2012, estabelece o planejamento, a receita dessa área deve dobrar e responder por 21% do total. Em 2015, quando a empresa estima alcançar receita líquida de R$ 400 milhões, a fatia da construção chegará a 45%. A chance de as projeções se concretizarem é grande, assegura o executivo: "Nos últimos anos, a diferença entre as receitas previstas e as realizadas foi baixíssima, porque trabalhamos com projetos de longo prazo".

Soluções

Além de ter novas prioridades, a MVC também passou a focar menos em "produtos" e mais em "soluções" desenhadas sob medida para os clientes, conta o diretor-geral. "Quando desenvolvemos nosso sistema construtivo, pensávamos em algo que não fosse uma commodity."

Tido como o pilar principal para o crescimento da MVC, esse sistema é baseado em painéis que são uma espécie de "sanduíche prensado" de chapas de plástico e fibra de vidro. Esses painéis substituem as paredes de madeira ou alvenaria e podem ser arranjados conforme a necessidade: com eles, é possível montar galpões, casas, escolas e outras estruturas, de tamanhos e usos variados.

Foi usando o "Wall System" que a MVC fez o revestimento interno da cobertura do Aeroporto Internacional de Carrasco, no Uruguai, bem como casas, creches e escolas em Angola, na Venezuela e em diversos estados brasileiros. No momento, está entregando centenas de residências do Minha Casa, Minha Vida no Rio de Janeiro, em Alagoas e no Rio Grande do Sul. "O Brasil tem um grande déficit habitacional a resolver, e nós temos condições de contribuir com isso", diz Lima. A América Latina também está no radar: já em 2013, a empresa pretende exportar 40% de sua produção voltada à construção civil.

Sócios abrem mercados e trazem novas tecnologias

Criada pela fabricante de carrocerias Marcopolo, de Caxias do Sul (RS), a MVC teve o controle adquirido em 2008 pela também gaúcha Artecola, que produz insumos químicos para a indústria e hoje é dona de 74% da empresa – a Marcopolo ficou com 26%. E é em sociedade com outras empresas que a MVC pretende crescer.

Desde novembro, a companhia fechou duas joint ventures com grupos estran­­geiros, e deve formalizar uma terceira até meados do ano, sempre como controladora. "Nossa estratégia é criar joint ventures para ganhar tempo. Em alguns casos nosso sócio nos abre um mercado, em outros ele nos traz tecnologia", explica Gilmar Lima, diretor-geral da MVC.

A primeira parceria foi com a BFG International, do Bahrein, que trouxe à MVC um cliente: a canadense Bombardier, que vai fabricar trens em Hortolândia (SP). A BFG Brasil, resultado da associação, será responsável pela "máscara frontal" das locomotivas e pelo revestimento interno dos vagões, ambos em compósito (plástico de engenharia). A produção começa em julho, em São José dos Pinhais, e até ano que vem deve responder por 7% das receitas da MVC (R$ 18 milhões).

O segundo negócio, formalizado em março, foi a associação com a mexicana Stabilit para produção de perfis em compósito reforçado por fibra de vidro. Leve e resistente, o material pode substituir o aço na construção civil e também na construção naval. A Stabilit MVC começa a funcionar em outubro na unidade da MVC em Caxias do Sul.

A terceira parceria deve ser anunciada em três meses, diz Lima. Ele não revela quem será o sócio, mas diz que o negócio terá como clientes empresas do setor automotivo, principalmente. A linha, com inauguração prevista para janeiro de 2013, ficará no Paraná.

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