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Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas | Reprodução
Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas| Foto: Reprodução

91,2% em 10 anos foi o quanto cresceu a renda dos 10% mais pobres da população brasileira. Já a renda dos 10% mais ricos elevou-se em 16,6%, o que demonstra a evolução dos rendimentos das famílias de menor poder aquisitivo.

O Brasil reduziu drasticamente a distância entre os mais ricos e os mais pobres nos últimos dez anos, mas ainda assim a desigualdade brasileira está entre as 12 mais altas do mundo. A conclusão é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que lançou ontem o estudo "A década Inclusiva (2011-2011): Desigualdade, Pobreza e Políticas de Renda". A pesquisa indica que "não há na História brasileira, estatisticamente documentada desde 1960, nada similar à redução da desigualdade de renda observada desde 2001". Paralelamente, entretanto, ao apresentar a pesquisa, o novo presidente do órgão, Marcelo Neri, ressaltou que os brasileiros ainda vivem sob extremas distâncias, quando o assunto é renda. "O brasileiro mais pobre é tão pobre quanto os intocáveis indianos e o mais rico não é menos rico que o russo abastado e quase como o americano abastado", disse Neri.

O estudo do Ipea considera dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma das conclusões é que, entre 2001 e 2011, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou 16,6% em termos acumulados, enquanto a renda dos mais pobres cresceu 91,2%. "Se fizéssemos uma conta simples, seria um crescimento de 9% ao ano. A renda dos 10% mais pobres cresce 5 vezes e meia mais rápido que a dos 10% mais ricos", disse Neri.

O Ipea ressalta também que a evolução da renda dos 20% mais ricos no Brasil foi inferior ao de todos os Brics, enquanto o crescimento de renda dos 20% mais pobres supera o de todos os demais, com exceção da China. Por nível de escolaridade, o estudo do Ipea ressalta que, no caso das pessoas que vivem em famílias chefiadas por analfabetos, a renda sobiu 88,6%. Por outro lado, houve decréscimo de 11,1% daquelas cujas pessoas de referência possuem 12 ou mais anos de estudo completos.

Por regiões, o estudo aponta que a renda do Nordeste subiu 72,8%, contra 45,8% do Sudeste. Da mesma forma, a renda cresceu mais nas áreas rurais pobres (85,5%) que nas metrópoles (40,5%). Além disso, o Ipea apurou que no período considerado, a renda dos brasileiros que se identificam como pretos e pardos subiu 66,3% e 85,5%, respectivamente, contra 47,6% dos brancos.

"Chíndia"

A pesquisa mostra, ainda, que nos dez anos considerados, a renda das crianças de zero a quatro anos subiu 61%, contra 47,6% daqueles de 55 a 59 anos. Neste último caso, o movimento é explicado por ações como o Bolsa-Família e o Brasil Sem Miséria, argumenta o Ipea. A pesquisa destaca que tais programas privilegiam as mães como titulares dos benefícios.

Neri, que assumiu a presidência do Ipea dia 12, comparou o movimento traçado recentemente pelo Brasil como uma combinação do que ocorre na China e na Índia e chega a denominar essa trajetória de "efeito Chindia". "Os indianos e os chineses saindo da pobreza é mais ou menos a mesma cena que os nordestinos, pessoas de cor preta, analfabetos, a parte mais pobre do Brasil está percorrendo."

Na conclusão do estudo, o Ipea destaca que "na verdade, a desigualdade no Brasil levaria pelo menos 20 anos no atual ritmo de crescimento para atingir níveis dos EUA". Para a nova década, o Ipea ressalta, várias vezes, a importância do Bolsa-Família. "A segunda década do novo milênio parece ser a de múltiplos caminhos em direção à superação da pobreza. Diversos deles serão trilhados sobre a estrutura do Bolsa-Família", conclui o estudo.

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