Fábrica da Providência na Carolina do Norte| Foto: Divulgação

Investimento

Franquias desafiam lógica de expansão e tentam invadir a Europa

Com menor necessidade de investimento de capital próprio, as franquias desafiam a lógica natural da expansão das corporações. Tradicionalmente, o primeiro país que uma empresa brasileira escolhe para abrir uma subsidiária acaba sendo um vizinho sul-americano ou os Estados Unidos. As franquias, no entanto, desafiam este processo.

Enquanto em apenas 4% dos casos a primeira subsidiária de uma empresa brasileira é aberta na Europa, 19% das franquias começam sua expansão internacional pelo continente. America do Sul e do Norte são o destino de 89% das primeiras instalações das empresas tradicionais, enquanto representam 56% dos destinos dos franqueados.

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Balanço

Receita internacional manteve crescimento

Além dos ganhos de imagem e escala com a atuação em outros países, a margem de lucro recorde nas operações internacionais também tem encorajado o empresariado a expandir horizontes. Em 2010, quando maior parte das empresas pesquisadas ainda estava nos seus primeiros anos de atuação em mercados externos, a margem de lucro internacional era 23% menor que nas instalações brasileiras das companhias – fora, os negócios tinham margem de 11,8% e no Brasil a diferença era de 15,5%. Na última pesquisa, de 2012, as duas rondavam 13,7%. A participação dos negócios internacionais na receita total das empresas também têm crescido. Em 2010, 17% do que entrava nos caixas das multinacionais vinha dos negócios feitos nas subsidiárias do exterior. Dois anos mais tarde, as sedes internacionais representavam 20%.

67% das empresas ouvidas pela Fundação Dom Cabral para o Ranking das Multinacionais Brasileiras pretendem aumentar sua atuação comercial internacional neste ano.

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A instabilidade cambial não deve ser empecilho para que a atuação das empresas brasileiras instaladas em outros países continue crescendo. Mesmo com o dólar volátil – oscilando entre R$ 2,15 e R$ 2,45 nos últimos dois meses – e turbulência no mercado interno, 67% das empresas ouvidas pela Fundação Dom Cabral para o Ranking das Multinacionais Brasileiras pretendem aumentar sua atuação comercial internacional. As demais pretendem manter suas instalações atuais e nenhuma delas considera recuar.

As empresas paranaenses com maior atuação no exterior seguem esta tendência. Tanto Bematech quanto Providência – companhias que tiveram as melhores performances do estado na sondagem de crescimento internacional – projetam que seus negócios aumentarão em número de países, efetivo ou receita internacional até o final do ano. "Normalmente, a expansão é de um projeto a longo prazo muito bem calculado, que não vai retroceder por conta de uma variação cambial", afirma o coordenador do núcleo de negócios da Fundação Dom Cabral, Sherban Leonardo Cretoiu.

No caso da Providência, por exemplo, a escalada da moeda americana é vista com bons olhos. "O impacto do dólar tem sido positivo para nós, uma vez que temos uma parcela importante de nossas receitas em dólar, proveniente tanto das exportações realizadas a partir do Brasil quanto da fábrica dos Estados Unidos", explica o CEO da Providência, Herminio de Freitas.

A empresa, que produz não-tecidos descartáveis, usados em fraldas e absorventes, se instalou no exterior em 2011, com uma fábrica na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Em 2012, as operações internacionais da empresa dobraram e atingiram 29% da produção total da empresa. "É possível implementar ainda mais duas linhas de produção nos EUA", afirma Freitas. Com a ampliação, a capacidade produtiva da planta estrangeira da empresa dobraria mais uma vez.

Cadeia maior

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A variação cambial também não preocupa a Bematech, empresa paranaense de automação para o varejo e setor hoteleiro. Além de consolidar a atuação onde já está presente na America Latina e Estados Unidos, a empresa pretende iniciar projetos na América Central. "A empresa possui uma cadeia de suprimentos na Ásia muito bem fundamentada, que nos permite enfrentar situações como essa sem grandes perdas a desvalorização", afirma o diretor de Marketing e Vendas Internacionais da empresa, Wladimir Alvarez.

De acordo com Cretoiu, da Fundação Dom Cabral, a empresa é praticamente imune a este tipo de fenômeno, pois atua de maneira diferenciada nos mercados externos. "A Bematech não vê os países como mercados, mas como potenciais parceiros e fornecedores. É uma característica própria das empresas de tecnologia que minimiza a oscilação cambial", completa.