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Passada a euforia dos últimos dois anos, uma conta amarga está sendo paga por alguns mutuários. Compradores que estão com dificuldade para pagar as parcelas do financiamento estão optando pelos distratos, em que o cliente desiste do negócio e devolve o apartamento ou a casa. Não há estatísticas sobre esse número no mercado, mas ele varia de 2% a 10% das unidades lançadas em Curitiba, dependendo do empreendimento.

Parte desses imóveis estava nas mãos de investidores pouco capitalizados, que se arriscaram na aquisição de vários imóveis ao mesmo tempo. Outra parte é composta de famílias que não conseguiram acompanhar a alta dos preços das parcelas e os balões durante o financiamento. Alguns conseguiram um valor de empréstimo menor que o esperado na hora da entrega das chaves.

"Em geral, as prestações do imóvel são corrigidas pelo INCC (Índice Nacional da Construção Civil), que andou acima do avanço da renda das famílias. Isso ajuda a explicar esse movimento", diz João da Rocha Lima Júnior, professor do Núcleo de Real Estate (empreendimentos imobiliários) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Dificuldade em pagar

O Neoville Barcelona, empreendimento com 576 unidades que deve ser entregue em 2013 no Neoville, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), foi vendido 100% na planta. Mas até agora 10% foram distratados, segundo Fabiana Canet, diretora presidente da Canet Júnior Desenvolvimento Imobiliário S.A, que tem parceria com a Thá no empreendimento. "Os distratos não são provocados somente por pessoas inadimplentes. Alguns estavam pagando em dia, mas viram que teriam dificuldade para continuar", diz.

A Brookfield registrou um crescimento de 123% no volume de distratos no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 234 milhões. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), Normando Baú, a média de distratos em Curitiba é de 3% e não oferece riscos para o mercado. "A média dos distratos é baixa e depende muito da estratégia de cada empresa. Algumas afrouxam mais critérios na hora da venda. Mas não é um problema do mercado imobiliário", acrescenta.

Cláusula

Tradicionalmente, a ina­dimplência do setor é baixa. A prestação da casa própria, em geral, é o último item a ser cortado do orçamento. Porém, em caso de distrato, ter o dinheiro de volta não é tão fácil, já que o comprador é barrado por uma cláusula contratual que retém parte do valor investido.

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