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"Meus sócios ficaram chateados comigo", diz Soifer, em referência aos empresários da holding Combrashop. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
"Meus sócios ficaram chateados comigo", diz Soifer, em referência aos empresários da holding Combrashop.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A experiência ensinou ao empresário Salomão Soifer que um shop­ping precisa de três coisas para dar certo: "Localização, localização e localização". O privilegiado endereço do Pátio Batel é um de seus principais argumentos quando entra em cena a clássica dúvida sobre o desempenho de mais um shopping na cidade, e ainda por cima tão próximo de concorrentes dedicados ao mesmo público de renda AB. "Estamos num terreno ímpar e na área de influência de outros grandes, como o Crystal, o Curitiba e o Parkshopping Barigüi", reforça.

O potencial de vendas do Pátio despertou a atenção de operadoras nacionais do segmento, como a Multiplan, administradora do Parkshopping, que já assediou o empresário. Mas, neste caso, ele não quer saber de parceiros. "Meus sócios ficaram chateados comigo", reconhece, em referência aos empresários com quem divide a holding Combrashop.

Se o projeto não admite parceiros, também não há bancos no suporte financeiro. Soifer diz que se preparou para fazer todo o investimento do Pátio Batel e a reserva foi completada recentemente com a venda de parte de sua participação no Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP). "Vendi só o que eu precisava para terminar a obra." Em janeiro deste ano, a private equity americana Advent International comprou 50% da empresa paranaense, numa operação cujos formato e valor não foram divulgados.

Empreitadas

Salomão Soifer também é o único controlador do Shopping São José, construído em São José dos Pinhais, no terreno que abrigou uma de suas empreitadas da juventude: um hospital psiquiátrico. Aliás, foram dois hospitais. O outro, na Vila Hauer, foi o Hospital Pinheiros, hoje Clínica Hélio Rotenberg, nome do cunhado que o instigou a entrar nesse ramo.

O ingresso no mundo dos shop­ping centers começou no fim dos anos 70, com uma visita ao paulistano Iguatemi. O entusiasmo de sua mulher e das amigas com as compras concentradas num único lugar levou o empresário a pesquisas de próprio punho: passou dias de bloco na mão pelos corredores do shopping, apresentando-se como jornalista a seguranças desconfiados, e conduziu enquetes com as senhoras que frequentavam as festas da sociedade curitibana, sobre suas preferências de compras.

Austríaco, pode

Convencido de que se tratava de um bom investimento, resolveu levá-lo a cabo no edifício da fundição dos irmãos Mueller e fez questão de manter o nome, que, além de conhecido e tradicional, lembraria "mulher". Para isso teve que vencer algumas resistências. Combinou com os sócios que, se um taxista os levasse ao endereço à simples menção do nome Mueller, estava resolvido o impasse. Para se garantir, recorda, evitou os jovens e escolheu um motorista mais velho. Por fim, ainda teve que vencer outra resistência. De origem israelita, os investidores não queriam um nome alemão para seu negócio. Foram conversar com a família para obter autorização e souberam que o nome era austríaco. Tudo resolvido.

Concluído o primeiro shopping center da cidade, Soifer soube que o dono do shopping Rio Sul, o primeiro do Rio de Janeiro, estava em dificuldades. Um de seus filhos, Gustavo Moreira de Souza, fizera o planejamento e a comercialização do Mueller, e se tornara sócio minoritário. Uma engenharia financeira que envolveu a Caixa Econômica Federal e a canadense Brascan tornou a Combrashop dona de 45% do Rio Sul, participação que mantém ainda hoje. Mais dois investimentos em shopping viriam: em Joinville (SC), onde conserva 10% de participação, e em Natal (RN). (MBV)

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