Greve
Paralisação dividiu funcionários
Entre novembro e dezembro do ano passado, a Neodent protagonizou a mais longa greve da história dos metalúrgicos do Paraná, com mais de um mês de duração. O próprio presidente da companhia, Geninho Thomé, admite que a paralisação dividiu os funcionários da empresa em dois grupos os que apoiaram a greve e os que continuaram trabalhando e provocou um retrocesso na relação entre a empresa e seus trabalhadores.
"O que o sindicato pedia era uma utopia, eu teria de dobrar o valor dos produtos para poder atender à lista de pedidos dele", diz Geninho. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) queria fechar um acordo específico com a empresa, que, por sua vez, se comprometia apenas a cumprir a coleção coletiva firmada pelo SMC com o Sindimetal, o sindicato patronal. A greve terminou sem acordo, e a empresa reajustou os salários em 10,08%, conforme a convenção coletiva.
O desenvolvimento de tecnologias próprias é uma obsessão do presidente da Neodent, que criou seus primeiros implantes com ajuda de um ferramenteiro de Ponta Grossa (Campos Gerais). Embora se pareçam com um simples parafuso, as peças de titânio fabricadas pela Neodent que são fixadas no osso do paciente e recobertas pela prótese do dente escondem anos de pesquisa e desenvolvimento, diz o empresário. Cada uma custa de R$ 130 a R$ 250.
"Não vendemos simples peças de metal, vendemos tecnologia. Um implante une a mecânica ao comportamento biológico do osso, é algo extremamente técnico, que exige rigor científico. É por isso que temos, dentro da fábrica, um laboratório que analisa e pesquisa desde a matéria-prima até o produto final. Lá simulamos, por exemplo, como vai se comportar o implante ao longo de 15 anos de uso", conta Geninho.
No ano passado, a empresa aplicou 5% de seu faturamento, cerca de R$ 8,5 milhões, em pesquisa e desenvolvimento. É esse investimento, segundo o empresário, que garante a dianteira do mercado à empresa, que nos últimos anos assistiu à multiplicação dos concorrentes. "Há outros três fabricantes apenas na região metropolitana de Curitiba e vários em São Paulo, os mais fortes", diz o empresário, que se ressente de uma suposta concorrência desleal. "A gente lança hoje e três meses depois o produto está copiado. Mas não é a mesma coisa."
Braços
O conhecimento adquirido ao longo de mais de duas décadas resultou na criação de dois "braços" da Neodent. Um deles é o Instituto Latino-Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico (Ilapeo), que há cinco anos ministra em Curitiba cursos de intensivos, de aperfeiçoamento, de especialização e mestrado na área da implantodontia. Em 2010, 950 alunos frequentaram os cursos regulares do instituto, número que deve ser, no mínimo, repetido neste ano 500 pessoas se matricularam para as aulas deste semestre.
Outro braço é a Neoortho, que estendeu à medicina a tecnologia desenvolvida pela Neodent para a área odontológica. Instalada na antiga fábrica da Neodent, no bairro de Santa Felicidade, a Neoortho fabrica implantes para traumas da coluna, faciais, de cabeça e pescoço e para ortopedia em geral. Emprega cerca de 130 pessoas e faturou R$ 25 milhões no ano passado, cifra que espera elevar em 50% em 2011.
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