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Se a barreira do preconceito racial aos poucos está sendo vencida, uma pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipar des), divulgada nesta sexta-feira (11), mostra que no mercado de trabalho em Curitiba e região os obstáculos parecem maiores. O estudo aponta que há diferenças salariais entre trabalhadores negros (somatória de pretos e pardos) e brancos desempenhando atividades numa mesma área de atuação.

A pesquisa concluiu ainda que os trabalhadores negros de Curitiba e região metropolitana possuem menos escolaridade, têm mais filhos e ganham menos que os brancos ainda que tenham o mesmo nível educacional, o mesmo trabalho ou a mesma posição na ocupação (empregados com e sem carteira assinada, conta própria e empregadores).

Os dados são da Pesquisa Mensal de Empregos (PME) realizada pelo Ipardes em Curitiba e região metropolitana, referente ao mês de setembro de 2006. As diferenças salariais entre os mesmos postos de trabalho ou as mesmas funções não são captadas pela pesquisa.

Em todos os ramos de atividade examinados, os brancos registraram rendimentos mais elevados do que os pretos e pardos. Os trabalhadores negros ganham em média 60,5% do salário dos brancos. A maior diferença salarial está no grupamento de atividades que compreende as áreas de educação, saúde, serviços sociais e administração pública, em que os pretos e pardos recebiam em média 47% do rendimento dos brancos.

O menor diferencial foi observado em serviços domésticos, nos quais o rendimento médio dos brancos era 5% maior do que o dos pretos e pardos. A construção e os serviços domésticos são os setores que apresentam as maiores participações de negros, sendo de 16% e 12,8%, respectivamente; nos demais setores, esta participação cai para 9%.

Escolaridade

Considerando a população com 10 anos ou mais, observou-se no estudo que os pretos e pardos possuíam menor escolaridade que os brancos. Enquanto apenas 3,1% da população branca eram sem instrução ou com menos de um ano de estudo, 8,3% da população preta e parda se encontravam nessa mesma situação. Entretanto, 42,7% da população branca tinham 11 ou mais anos de estudo, e 23,9% da preta e parda apresentava a mesma escolaridade.

Com os dados a pesquisa concliu: quanto maior a escolaridade, maior é a diferença do rendimento entre negros e brancos. Os trabalhadores brancos com 11 anos ou mais de estudo ganham em média R$ 1.480,21 por mês. Já os negros, com a mesma escolaridade, recebem R$ 907,58. Nesta categoria, que estão incluídas as pessoas com nível médio completo até aquelas com pós-graduação, observou-se que 85% dos pretos/pardos só tinham o nível médio completo e entre os brancos, o índice cai para 65%.

Carteira assinada no setor privado

Do total de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado, 90,3% são da raça branca, e apenas 9,6%, de pretos ou pardos. Outro indicador ressaltado pelo Ipardes refere-se à contribuição para a Previdência. Do total de trabalhadores pretos e pardos por conta própria, 11,7% contribuiu para a Previdência no mês de setembro de 2006. Para os brancos, esse percentual foi de 20,4%.

Rendimento na casa chefiada por branco é quase o dobro da de responsabilidade do negro/pardo

Com relação ao rendimento domiciliar per capita, observou-se que, nos domicílios cujo principal responsável era preto ou pardo, a média era de R$ 390,22, e naqueles em que o principal responsável era branco, R$ 768,46 – ou seja, praticamente o dobro.

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