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Rio de Janeiro – Passados 118 anos da abolição da escravidão no Brasil, os negros e pardos das principais metrópoles do país ainda sofrem mais com o desemprego e têm dificuldade de acesso ao mercado de trabalho. Mais da metade (50,8%) dos desempregados em setembro deste ano eram negros ou pardos, apesar de eles serem a minoria (42,8%) da população total em idade ativa (acima de dez anos), revela estudo especial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feito a partir da Pesquisa Mensal de Emprego.

Já os brancos, que representam 56,5% das pessoas em idade ativa, eram 48,6% dos desocupados. Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Recife), os negros e pardos têm sempre maior participação entre os desempregados do que na população. Dos 2,292 milhões de desempregados em setembro, 1,164 milhão era composto de trabalhadores pretos ou pardos.

Em setembro, a taxa de desemprego dos pretos e pardos era de 11,8%, acima da média (10%). A taxa dos brancos se situava em 8,6%. A maior diferença ocorria em Salvador, onde há a maior população negra ou parda (82,1%) com mais de dez anos. Lá, a taxa de desemprego era de 14,7% entre os pretos e pardos e de 8,4% entre os brancos.

Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa do IBGE, um dos motivos das diferenças é que na evolução histórica do país a população preta e parda não foi incluída. "Voltando para o passado, eles não vieram para cá como reis nem para investir. Vieram em navios negreiros. Essas pessoas nem eram remuneradas. Já passaram mais de cem anos. É um processo histórico que está de certa forma "doendo’ no que tange a essas diferenças e causando esse abismo que as estatísticas mostram."Para Pereira, outra razão para explicar as diferenças é a menor escolaridade de negros e pardos – 7,1 anos de estudo. Os brancos freqüentaram a escola por 8,7 anos. A média em setembro era de 8 anos.

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