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Transmissão em 4K do jogo França x Alemanha, na última sexta-feira, em Curitiba: nitidez da imagem e cores vibrantes enchem os olhos dos telespectadores | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Transmissão em 4K do jogo França x Alemanha, na última sexta-feira, em Curitiba: nitidez da imagem e cores vibrantes enchem os olhos dos telespectadores| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

16 milhões é a previsão de venda de televisores da Associação de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos. A entidade não contabiliza o número de aparelhos com formato 4K comercializados.

Opinião

Tecnologia pode frustrar expectativas

Rafael Waltrick, editor assistente de Economia

Assistir a uma transmissão em 4K pode frustrar alguns espectadores mais ansiosos, já acostumados com formatos como o HD ou o Full HD. A imagem ganha sim em qualidade e resolução, mas não parece ser, neste primeiro momento, a tecnologia revolucionária destacada pelos fabricantes de aparelhos.

De qualquer maneira, o que chama a atenção não é a nitidez da imagem em si, mas sim o porte dos televisores. Na última sexta-feira, assisti a parte do jogo entre França e Alemanha em um evento da NET em Curitiba, com dois televisores de 65 polegadas da Sony. Se as TVs com este tamanho já assustam – no bom sentido – imagine as de 84 polegadas, que estão sendo comercializadas no país. Se você pensa em comprar um destes aparelhos, puxe a fita métrica antes: é preciso (muito) espaço para aproveitar as imagens de forma confortável, mesmo que haja pouca perda de resolução ao aproximar o rosto da tela.

Outro destaque do 4K é a nitidez e vibração das cores, que enchem os olhos. O verde do gramado nunca pareceu tão verde, assim como o azul reluzente das camisas dos jogadores. A imagem também ganha em profundidade e é possível enxergar detalhes que passariam despercebidos em outros formatos: como os fios de cabelo branco do treinador.

Lógico que, para valer a pena o investimento, que não é pequeno, há de se ter o que assistir. Ter de apelar a vídeos na internet filmados no formato, para só assim aproveitar o potencial do produto, não me parece tão prático. Mais recomendável é esperar por novidades, principalmente vindas das operadoras de TV a cabo.

Apresentado como a revolução das televisões de alta definição, o formato 4K pegou carona na Copa do Mundo para tentar chegar aos consumidores brasileiros, mesmo em pequenas degustações. As operadoras de TV por assinatura NET e Oi têm feito testes de transmissões com a tecnologia durante o Mundial, em parceria com SporTV e Sony, responsável por gravar as imagens dos jogos. Apesar das exibições bem sucedidas, o 4K – ou UHD, sigla em inglês para ultra-alta-definição – ainda deve demorar a se popularizar nos lares do país.

INFOGRÁFICO: Veja detalhes sobre o novo formato 4k

O formato diz respeito à resolução da imagem transmitida na TV, que chega a ser quatro vezes maior do que o padrão Full HD (veja infográfico ao lado). O principal entrave para a popularização da tecnologia não são os aparelhos, que já estão sendo vendidos em lojas brasileiras de varejo e e-commerce, nem o alto preço dos televisores, mas sim a necessidade de adequação das emissoras de TV. Não basta o consumidor possuir o aparelho com resolução 4K: é preciso que o conteúdo seja filmado e transmitido no mesmo formato, para que a qualidade seja evidente.

Mesmo no Japão, onde o formato surgiu, poucas emissoras têm a capacidade de transmitir os dados necessários para o 4K utilizando satélites convencionais. As perspectivas para o Brasil são mais obscuras porque o país ainda está preparando o desligamento do sinal de TV analógico – processo que começa em abril de 2016 e seguirá até 2018 – e vivendo a popularização do sinal digital. A expectativa do Ministério das Comunicações é que, até o final deste ano, 65% da população tenha acesso à TV digital.

Por isso, especialistas não escondem o ceticismo quanto à adoção em curto e médio prazo do formato no país. O sócio diretor da consultoria CVA Solutions, Sandro Cimatti, faz inclusive uma analogia com o sinal de telefonia no Brasil. "Já temos por aqui, por exemplo, o 4G. Mas o problema não é ter o celular, mas sim o sinal. O mesmo ocorre com o 4K. A diferença é que a adoção do 4G é mais imediata, enquanto para o 4K temos um gargalo muito maior, da transmissão."

Crescimento

Sony, Samsung e LG lideram o mercado de televisores em UHD. As estimativas são de que sejam vendidos, em todo o mundo, 13 milhões de aparelhos neste ano, contra 2 milhões no ano passado. Apesar da rápida evolução, a fatia de TVs neste formato ainda corresponde a apenas 6% do mercado global de aparelhos. Mesmo assim, os fabricantes são otimistas e têm apostado em novos modelos.

"Em 2012, quando lançamos esta tecnologia no Brasil, uma TV de 84 polegadas custava R$ 100 mil. Neste ano, já contamos com produtos com valor a partir de R$ 7.999. Hoje, o consumidor que busca este tipo de produto ainda pertence à classe A/B, mas a cultura da tecnologia 4K está se disseminando", afirma o gerente de Marketing da Sony Brasil, Luciano Bottura.

Final do torneio será exibida no novo formato

O acordo das operadoras de TV por assinatura com a SporTV e a Sony contemplou a exibição ao vivo de três jogos em formato 4K durante a Copa do Mundo, todos no Maracanã: Colômbia e Uruguai, no dia 28; França e Alemanha, na sexta-feira; e a final do campeonato, marcada para o dia 13 de julho. Além de contemplar alguns clientes que já possuem os televisores com a tecnologia, as transmissões também ocorreram em eventos fechados para a imprensa, colaboradores e formadores de opinião em várias cidades, incluindo Curitiba.

Tanto a NET quanto a Oi, que estão encampando a transmissão dos jogos no Brasil, não divulgam prazos para o início da exibição de conteúdo em 4K na grade dos canais, embora reforcem que já fizeram investimentos para viabilizar as transmissões.

Para o diretor de TV e Fibra da Oi, Ariel Dascal, o 4K é uma "evolução natural", mesmo que ainda seja desconhecido por grande parte dos consumidores. "O 4K ainda é de conhecimento restrito. De fato, até mesmo o HD [alta definição] é de conhecimento de poucos, que confundem digital com HD. É necessário esclarecer o público para ele não ser confundido por ofertas enganosas", afirma.

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