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O fraco desempenho da economia brasileira - crescimento de 1,1% em 2018, similar ao do ano anterior - traz uma certeza para analistas econômicos: a taxa básica de juro vai permanecer estável neste ano em 6,5% ao ano. Esse incentivo não será suficiente para dar um maior ânimo à economia, apesar de os empresários se mostrarem otimistas. “Os agentes econômicos estão de stand-by”, diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos. 

 A justificativa que economistas ouvidos pela Gazeta do Povo dão é que a demanda está fraca e o desemprego e a ociosidade ainda são grandes. “O juro baixo não é condição suficiente para a retomada do crescimento”, destaca André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos. 

 Outro agravante, segundo Luís Afonso Lima, economista-chefe da Mapfre Investimentos, é a questão do crédito. “Poucos segmentos demonstram expansão e diante disso, o crescimento da economia continuará contido.” No ano passado, segundo dados do Banco Central, o saldo da carteira de crédito das pessoas físicas teve uma ligeira alta de 1,8% em relação ao ano anterior. "  

Incerteza grande 

 A incerteza ainda é grande, aponta a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ela está alta por causa das negociações da reforma previdenciária no Congresso e deve permanecer nesse nível até que se tenha uma maior clareza quanto ao alinhamento do Legislativo com a agenda econômica do governo, diz a pesquisadora Raíra Marotta, do Instituto Brasileiro de Economia. 

 Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco Modalmais, acredita que a reforma previdenciária pode funcionar como um ponto de inflexão da atividade econômica. “Se ela vier boa, pode dar tração para a economia e contribuir para a expansão do investimento.” Mas, se não vier, diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, é mais um ano de crescimento morno. 

 Uma coisa é certa, apontam os analistas: os próximos meses serão de muita volatilidade. “A reforma da previdência tem o poder de afetar as expectativas”, diz o professor Joelson Sampaio, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP/FGV).

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 Este cenário dificulta um crescimento com maior vigor do investimento, que no ano passado cresceu 4,1% em relação a 2017. Foi a primeira expansão desse indicador em quatro anos. “O investimento é extremamente sensível às incertezas da economia”, ressalta José Pena, economista-chefe da Porto Seguro Investimentos. E, segundo ele, vai demorar bastante tempo para o investimento retomar os níveis do pré-crise. Entre 2014 e 2017, caiu 29,3%. 

 Lima destaca que havia a expectativa de aceleração do crescimento desde o último trimestre do ano passado. “Ela vem sendo afetada pela fraca evolução da atividade econômica.” E nos próximos meses, as expectativas não mudam: “não há sinalização de dinamismo.”  

Expectativas contidas 

A expectativa é de um primeiro semestre de crescimento mais contido, também afetado pelo ritmo mais fraco da agricultura e pelos problemas causados à exportação de minério de ferro, o segundo produto mais importante da pauta de exportações, por causa da tragédia com a barragem de Brumadinho (MG), que já deixou 186 mortes. 

 A operadora logística Maersk, uma das maiores companhias de navegação do mundo, tem detectado uma tendência a importações mais fracas neste primeiro semestre motivado pelas incertezas. “Há um cenário de cautela, mas há indicações que as reformas estão começando a sair do papel” diz Matias Concha, gerente de produto para a Costa Leste da América do Sul. 

 Bancos e entidades empresariais começam a refazer as contas e admitem uma redução nas expectativas de crescimento para 2019. Até a semana passada, segundo o Relatório Focus do Banco Central, as projeções apontavam para uma expansão de 2,5% do PIB. Agora, especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo projetam que os números poderão ficar em torno de 2,1%.

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