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A aviação brasileira vive um momento delicado e de perspectivas pouco otimistas. Muitos brasileiros estão deixando de voar, com receio de passar horas esperando nos aeroportos ou ter os planos frustrados pelo cancelamento dos vôos. Nas agências de viagens, os operadores confirmam: quem não adiou os planos está optando por viajar de carro ou ônibus. Para eles, nem mesmo as promoções e a redução no preço das passagens anunciada pela Gol – 6%, em média – devem motivar os turistas a retomarem os planos.

Segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a ocupação média das aeronaves brasileiras em vôos nacionais caiu de 73% para 70% entre os meses de dezembro de 2005 e de 2006. Nos vôos internacionais, a redução foi de 75% para 71%. De acordo com a Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), o volume de negócios deste ano para as férias de verão apenas empata com os números de 2005. Um resultado bem aquém do esperado – um aumento entre 12% e 15%.

Entre as grandes companhias aéreas brasileiras, a Gol foi a que registrou a maior redução na ocupação após a crise nos aeroportos: de 75% para 69% nos vôos nacionais e de 75% para 57% nos internacionais. A companhia reduziu os preços para tentar evitar que os atrasos de vôos e as filas nos aeroportos reduzissem a demanda por passagens. Na Varig, a redução foi de 71% para 67% nos vôos nacionais e de 75% para 64% nos internacionais. A TAM conseguiu manter a ocupação: 72% nos vôos domésticos e 75% nos internacionais. Segundo a sua assessoria de imprensa, a exemplo do que vem fazendo em outros feriados, para o carnaval a companhia deve anunciar uma promoção especial.

"Promoções e reduções como essa de preços não adiantam muito. O que os passageiros querem é comodidade. O preço não é o mais importante. Por isso essa situação precisa ser resolvida com urgência", diz o diretor da Meridiano Turismo, André Luiz Macias. Segundo o empresário, o volume de negócios da empresa caiu entre 15% e 20% desde o início da crise, em outubro. "Principalmente para trechos curtos, a venda de passagens aéreas caiu muito." O desempenho só não foi pior porque muita gente, para não cancelar, mudou os planos. "Ao invés de ir ao Nordeste, as pessoas preferiram fazer um cruzeiro, por exemplo", diz. "O brasileiro mudou o destino e o perfil, mas não deixou de viajar."

O agente de viagens da Katai Turismo, Felipe Korioluk, também não acredita que a redução nos preços anime os clientes que deixaram de fechar negócios. "A redução não foi muito grande, então não deve animar o pessoal." De acordo com o agente, desde que começou a crise, o volume de vendas da agência caiu entre 30% e 40%. "Este ano, muita gente trocou o Nordeste – que era a grande preferência – pelas praias de Santa Catarina, por exemplo."

Apesar dos resultados ruins de dezembro, a Gol registrou forte crescimento em todo o ano passado principalmente devido ao encolhimento da Varig. A participação de mercado da Gol em vôos nacionais cresceu de 25,9% em 2005 para 34% no ano passado. Já em vôos internacionais a alta foi de 2,11% para 7,30%.

Além de se sair melhor com o caos nos aeroportos, a TAM também foi a empresa que melhor conseguiu aproveitar a crise da Varig. Entre 2005 e 2006, sua participação em vôos domésticos cresceu de 41,3% para 47,8% em vôos domésticos e de 18,4% para 37,3% nos internacionais. Em dezembro a empresa tinha 49,1% do mercado nacional e 60,6% do internacional.

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