• Carregando...
 | Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo
| Foto: Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo

Diferença na prestação é irrisória

Como a Selic já está muito descolada dos juros ao consumidor, o novo aumento da taxa básica deve ter pouco impacto nas operações de crédito. Uma simulação feita pela Anefac mostra que a taxa de juro mensal na compra de uma geladeira (foto) deve subir de 4,46% para 4,48%. Ao fim de 12 meses, o consumidor deverá pagar agora R$ 1.971,73, uma diferença de apenas R$ 2,26 antes da alta da Selic. Quem usar o cheque especial em R$ 1 mil, por 20 dias, pagará juro de R$ 54 frente aos R$ 53,87 de antes da alta da Selic.

Enquanto a taxa básica de juros, a Selic, subiu 3,75 pontos percentuais de abril do ano passado até agora (de 7,25% para 11% ao ano, em elevação anunciada nesta quarta-feira), na ponta do consumidor os juros subiram 8,55 pontos percentuais no mesmo período, segundo levantamento feito pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). Na ponta do lápis, a taxa média de juros para pessoa física saltou de 88,61% para 97,16% ao ano, nos últimos 12 meses. Mas, individualmente, algumas linhas ficaram muito mais caras: no cartão de crédito, por exemplo, o juro subiu de 192,94% para 216,5%, ou seja, 23,56 pontos percentuais. No comércio, foi de 60,10% para 68,8% (alta de 8,7 pontos percentuais).

Confira a taxa de juros nas operações de crédito ao consumidor

Spread bancário

O aumento maior do que a Selic gerou uma elevação do chamado "spread" bancário (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram dos clientes), mesmo com queda da inadimplência. Em abril do ano passado, o spread bancário de pessoas físicas estava em 25,4 pontos percentuais. Em fevereiro deste ano, subiu para 28,7 pontos percentuais.

"O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros custos", explica o professor de Finanças do Insper, Ricardo Rocha. "Com um ambiente econômico pior, quem empresta vai tentar se defender, já que os empréstimos têm prazos mais longos", explica o professor do Insper.

Miguel Ribeiro de Oli­veira, economista responsável pela pesquisa da Anefac, confirma que a piora nas expectativas para a economia estão puxando as taxas. "Os bancos, o comércio e as operadoras de cartão estão repassando ao consumidor as expectativas piores para a economia nos próximos meses e a Selic se descolou dos juros cobrados do crédito. Quando o Banco Central eleva o juro, o país cresce menos, a inadimplência aumenta, o desemprego tende a aumentar", explica Oliveira.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]