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Lula e o cigarro: polêmica incendiária. | Jamil Bittar/Reuters
Lula e o cigarro: polêmica incendiária.| Foto: Jamil Bittar/Reuters

Selo celebra início da extração

Os Correios lançaram ontem, no Espírito Santo, um selo (foto) e um carimbo alusivos à primeira extração oficial de petróleo do pré-sal. O selo traz a imagem do navio-plataforma P-34, que está ligado ao bloco que fez a perfuração do pré-sal, além do logotipo da Petrobras. O lançamento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da Ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e do Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão.

A Petrobras saiu fortalecida do evento que marcou a retirada do primeiro óleo do pré-sal, na costa do Espírito Santo. Na solenidade, tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, destacaram o papel da estatal para o desenvolvimento do país. Lula declarou que mesmo a possibilidade de criação de uma nova estatal do petróleo não abala a hegemonia da empresa, e chegou a ironizar quem vê a medida como uma ameaça. "Seria como se eu acordasse um dia e dissesse que minha mãe não presta mais e quero outra. Isso não existe. Mãe é única e a Petrobras é a mãe da industrialização deste país."

O discurso do presidente foi acompanhado por cerca de 600 técnicos da Petrobras e de autoridades do setor, além de políticos capixabas. Ele arrancou risos da platéia ao sugerir que, por causa da importância da Petrobras, o seu presidente deveria ser eleito pelo voto direto. "E depois ele indicaria o presidente da República." José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal, soltou uma gargalhada.

Também com discurso carregado de elogios à Petrobras, ressaltando as importantes descobertas na camada de pré-sal, Dilma recorreu ao escritor Monteiro Lobato, que militou em defesa do petróleo brasileiro. "O Brasil é o Sítio do Pica-Pau Amarelo. Achamos petróleo atrás do galinheiro", disse, citando trecho do livro O poço do Visconde, no qual D. Benta vê jorrar petróleo em seu quintal. "Estamos como D. Benta, repetindo para a Emília: me belisca, me belisca. Este sítio é um sonho", disse Dilma, fazendo alusão ao fato de que a Petrobras "sonhou muito até chegar às novas descobertas".

Antes da cerimônia em terra, Lula, Dilma e Gabrielli visitaram a plataforma P-34, no Campo de Jubarte, que jorrou oficialmente o primeiro óleo do pré-sal. Lula repetiu o gesto da época da conquista da auto-suficiência (inspirado em Getúlio Vargas), lambuzou as mãos de petróleo e carimbou as roupas de Gabrielli e de Dilma.

O presidente teve o cuidado de lembrar, no entanto, que a Petrobras tem de "pensar com a cabeça do governo". Ele argumentou que a estatal tem um número elevado de encomendas a serem feitas junto à indústria naval nos próximos dez anos, e comentou que "se a Petrobras pensasse com a cabeça de empresa faria as encomendas em Cingapura e economizaria US$ 100 milhões aqui ou ali".

Cautela

Especialistas do setor de petróleo pedem cautela com relação ao início da produção do reservatório na camada pré-sal no campo de Jubarte, no litoral capixaba. Embora as perspectivas sejam boas, apenas o teste de longa duração, iniciado ontem, poderá indicar o potencial de produção da jazida.

A festa armada em torno do projeto recebeu críticas, uma vez que o país já produz petróleo no pré-sal desde a década de 60, em campos terrestres e na Bacia de Campos. "O Brasil conhece o pré-sal há mais de 30 anos. A única novidade, hoje, são as grandes reservas de Santos", afirma o geólogo Giuseppe Bacoccoli, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Bacoccoli lembra que o campo terrestre de Carmópolis, que iniciou as operações em 1962, tem poços no pré-sal. "O pré-sal não é novidade. O que estão fazendo hoje é só propaganda", concorda outro experiente geólogo, que pediu para não ser identificado.

Segundo os entrevistados, as grandes expectativas sobre o potencial do pré-sal estão concentradas na região de Tupi, esta sim uma novidade na história do petróleo do Brasil, por causa dos volumes e desafios encontrados. Naquela área, dizem, as condições são diferentes das conhecidas atualmente, com poços a mais de 6 mil metros de profundidade, abaixo de uma camada de sal de 2 mil metros.

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