Evelyn Badia aluga a sua casa no Airbnb| Foto: Hilary Swift/NYT

Os nova-iorquinos que recebem estranhos em suas casas ao se tornarem anfitriões do Airbnb afirmam que a experiência pode ser ao mesmo tempo estressante, divertida e, algumas vezes, vergonhosa. Contudo, os mais determinados afirmam que é uma fonte de renda tão lucrativa que pode substituir formas de trabalho mais tradicionais.

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O primeiro hóspede que Evelyn Badia recebeu em sua casa foi Ted, um professor de Amsterdã. Ted adorava café, mas Evelyn não tinha uma cafeteira. “Esse foi meu primeiro erro como anfitriã. Eu não tomo café. Por que precisaria de uma cafeteira?”. Ela saiu e comprou uma imediatamente.

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Ted não se importou com o problema. Ao voltar para Nova York alguns meses depois, desta vez ao lado da esposa, o casal ficou mais uma vez na casa de Badia, que recebeu avaliações ótimas do hóspedes. “Quando você é anfitriã do Airbnb, é preciso sempre se lembrar de que os hóspedes vêm em primeiro lugar”.

A casa de Ted fica em uma rua tranquila de Park Slope, no Brooklyn, perto dos bares e restaurantes da Quinta Avenida. A casa geminada de dois andares com o apartamento privado no andar superior é o local ideal para o anfitrião.

Por meio do Airbnb, ela aluga o apartamento de dois quartos do andar de cima, que antes costumava ser alugado em contratos de longa duração. Além disso, também aluga um quarto no andar de baixo do sobrado, onde ela vive. A situação é tão boa que Badia, de 50 anos, afirma receber cerca de US$ 100 mil ao ano só com o aluguel da casa.

“Ser anfitriã é uma verdadeira jornada. Primeiro, o anfitrião tem medo de começar, depois fica empolgado e, então, começa a ver o dinheiro entrando”. Contudo, quando aparecem hóspedes ruins ou que não valorizam o que é feito para eles, “a gente fica bem irritada”, afirmou.

Apesar do dinheiro que ganha com o Airbnb todos os anos, Badia não se sente financeiramente segura. Boa parte do dinheiro acaba voltando para a manutenção da casa. Ela também precisa fazer uma estratégia financeira para encarar meses mais lentos, como janeiro, fevereiro e março.

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“Também é preciso lidar com o fato de que você vai conviver com pessoas estranhas pelo resto da vida”, afirmou.

Fonte para a aposentadoria

Em Crown Heights, no Brooklyn, Donna Deans, de 63 anos, planeja usar o Airbnb para bancar sua aposentadoria. Por 80 dólares, os hóspedes têm acesso a uma cama queen size e um futon no quarto de visitas da casa de Deans. Assim como Badia, Deans se tornou anfitriã por necessidade.

“A coisa mais estranha que me aconteceu foi um pai e filho vindos da Itália. Eles ficavam de cueca assistindo futebol. Tentei encarar como se aquilo fosse normal. E depois que eles foram embora, a casa ficou com cheiro de chulé por uns dois dias”, contou Deans.

Os anfitriões dependem em parte das avaliações dos hóspedes do Airbnb para decidir quem eles permitem que entrem em suas casas. Deans troca muitos e-mails com os hóspedes e conta com a intuição para identificar hóspedes potencialmente ruins antes de permitir que entrem na casa.

Ela já dispensou “uns universitários festeiros e “duas meninas de quase 18 anos que disseram que as mães tinham autorizado sua ida a Nova York”. Ela também diz não a pessoas com “pedidos ridículos”, como um que perguntou se podia fumar maconha no quarto.

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Como funciona o serviço?

O Airbnb, um serviço de aluguel de imóveis por períodos curtos que foi criado há oito anos e agora é avaliado em cerca de US$ 31 bilhões, estima que existam mais de 46 mil anfitriões no estado de Nova York, com mais de 45 mil ofertas ativas apenas na cidade, gerando centenas de milhões de dólares em renda todos os anos. O faturamento médio anual dos anfitriões com o serviço é de US$5.468.

No caso de pessoas que precisam de uma renda extra, o Airbnb oferece uma solução autorregulada (por meio de avaliações de hóspedes e anfitriões) e de livre mercado para receber aluguéis de curto prazo e com preço competitivo. Os viajantes pagam os anfitriões pela acomodação e o Airbnb organiza a oferta e a demanda, coletando taxas tanto dos hóspedes, quanto dos anfitriões, totalizando algo entre 3% e 12% de cada reserva.

Embora o Airbnb inclua um seguro para os anfitriões em todas as estadias, a política conta com inúmeras exclusões e o Airbnb exige que a queixa seja feita em até 14 dias após a saída do hóspede, ou antes da chegada do hóspede seguinte, o que muitas vezes acontece antes de duas semanas. Além disso, existem os riscos de contrariar regras estaduais e municipais, que muitas vezes proíbem aluguéis de menos de 30 dias, caso o anfitrião não esteja na casa ou no apartamento alugado.