Empresários não querem mais comprar jatos executivos novos e a Embraer precisou modificar o foco de sua estratégia de vendas| Foto: Pixabay

A crise econômica no Brasil e uma recuperação mundial que ainda patina levaram a uma mudança de padrão de uso de jatos executivos e têm obrigado a Embraer a modificar o foco de sua estratégia de vendas. Com incertezas políticas e econômicas, executivos têm revendido jatos comprados há poucos anos e, no caso do Brasil, a frota encolheu.

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Os dados são da própria Embraer. Em seu auge, em 2015, existiam cerca de 820 jatos executivos no país em funcionamento. Hoje, esse número caiu para 750. Para completar, o mercado de jatos usados está em plena expansão e está pressionando para baixo o preço dos novos.

A alternativa encontrada pela Embraer tem sido a de buscar compradores entre as operadoras, e não compradores privados. A estratégia vale não apenas no Brasil, mas para todo o mundo. A constatação da empresa é que o mercado ainda não se recuperou da crise econômica de 2008. Naquele ano, 1,3 mil jatos haviam sido vendidos por todo o setor. Em 2016, não foram mais de 680.

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Uber

O que a Embraer percebeu foi uma mudança no comportamento dos executivos. No lugar de ser proprietário de um avião, esse grupo está optando por serviços de táxi-aéreo executivo e de empresas responsáveis por uma espécie de “uberização” da avião executiva. O empresário não deixou de usar o jato. Mas não quer mais os custos de sua manutenção.

Para a Embraer, esse pode ser um novo modelo de utilização de jatos de negócios, o que representa também uma oportunidade. Na esperança de recuperar vendas, a aposta é na nova geração de jatos leves e médios e em compradores como os operadores Flexjet ou Netjets.

Um exemplo dessa aposta será confirmado hoje, quando a empresa brasileira deve anunciar negócios de US$ 77,7 milhões com a operadora alemã Air Hamburg. A companhia irá comprar mais três jatos Legacy 650E. A Air Hamburg, que oferece serviços de transporte para executivos, conta hoje com onze jatos da Embraer e já se posiciona como uma das maiores do segmento na Europa.

Expansão

Apesar dos desafios e mudança de perfil dos clientes, Michael Amalfitano, CEO de Jatos Executivos da Embraer, aponta que a fabricante brasileira já demonstrou sua competitividade nesse setor. Em 2005, ela representava 3,6% do mercado mundial. Hoje, detém quase 20%.

Segundo o executivo, o problema é que o mercado não cresce. “Isso tem ocorrido por cinco anos e deve ocorrer também em 2017”, disse. Sua avaliação é de que a confiança está sendo desafiada e empresas e executivos têm hesitado em investir.

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A meta da empresa é manter a fatia de cerca de 20% do mercado, com a entrega de 105 a 125 aviões em 2017. Isso geraria uma receita de até US$ 1,75 bilhão, o equivalente a 28% da receita prevista pela Embraer.

Numa competição acirrada com Gulfstream, Cessna, Bombardier e Dassault, a Embraer estima que irá disputar um mercado que deve demandar 8,4 mil novos aviões em uma década, o que geraria uma cifra na ordem de US$ 259 bilhões. Mas essa concorrência deve ficar ainda mais dura, diante da entrada no mercado da Pilatus, da Suíça, e a japonesa HondaJet.