O KC-390 é a principal aposta da divisão de defesa da Embraer| Foto: TEREZA SOBREIRA/ Ministério da Defesa

O protótipo 001 do KC-390, novo avião de transporte e reabastecimento aéreo desenvolvido pela Embraer, saiu da pista durante um teste de solo na manhã deste sábado (5) em Gavião Peixoto (SP). O incidente, apesar de ter causado avarias à estrutura do avião, não foi grave e a tripulação não sofreu ferimentos. O Cenipa, centro da Força Aérea que investiga ocorrência com aeronaves, foi acionado para apurar o episódio. As causas do acidente ainda são desconhecidas.

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A Embraer informou nesta quinta-feira (10) que, após uma avaliação do protótipo 001 da aeronave KC-390 que se envolveu no acidente, foram identificados danos extensos nos três trens de pouso da aeronave além de avarias à parte estrutural da fuselagem.

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A empresa informou, ainda, que está avaliando o planejamento para continuidade dos ensaios de certificação da aeronave, incluindo a possibilidade de transferir alguns testes para o protótipo 002 do KC-390 e também para os primeiros jatos série que já se encontram em estágio avançado de montagem. O objetivo da possível transferência é concluir os testes em tempo hábil a obter a certificação final militar da aeronave, chamada de Capacidade Final de Operação. A previsão é entregar as primeiras unidades do KC-390 à Força Aérea Brasileira (FAB) no quarto trimestre de 2018.

Mesmo avião já havia sofrido um incidente

O avião é o mesmo que sofreu, em 12 de outubro do ano passado, o mais sério incidente do programa de criação do cargueiro. Na época, a aeronave quase caiu: durante um voo no qual eram testados os limites do equipamento sem o auxílio de sistemas de descongelamento de asas, algo que não ocorre em operações normais, o avião ultrapassou o chamado envelope de voo - o esquadro em que opera dentro da normalidade. Como resultado, a aeronave perdeu sustentação e caiu rumo ao solo.

Quase ocorreu uma tragédia, mas os pilotos conseguiram retomar o controle do protótipo, prefixo PT-ZNF, a cerca de 300 metros do solo, segundo a medição de sites de acompanhamento de voos. O avião sofreu, devido à ação da gravidade e da velocidade que atingiu, avarias em algumas de suas carenagens externas. Ficou em reparos por cinco meses, voltando a voar neste ano.

Um oficial da FAB relatou que a severidade da queda acabou por reforçar a confiança na estrutura do avião, já que incidentes do tipo podem acabar com a desintegração de partes da aeronave. 

Mercado

O KC-390 é a principal aposta da divisão de defesa da Embraer. Com dois protótipos somando 1.500 horas de voo e mais de 40 mil horas de testes laboratoriais e de solo, a campanha de produção recebeu a chamada Certificação Operacional Inicial no fim de 2017.

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Esses dois aviões, a depender do grau das avarias a um deles, serão entregues para a Força Aérea até o fim do ano para mais dois anos de emprego militar limitado, até atingir a chamada Certificação Final. Já há outros dois aviões em linha de montagem.

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A FAB é a cliente de lançamento do avião, com 28 encomendas. Investiu US$ 5 bilhões desde 2008 no desenvolvimento do modelo e na compra das unidades. O retorno ocorrerá ao longo dos anos com a venda para o mercado externo, na forma de royalties e impostos.

Outros países, como Portugal, já estudam a compra do avião, que visa um nicho de mais de 700 aeronaves da categoria do C-130 Hércules norte-americano, que voa desde a década de 1950 em diversas configurações mundo afora.

A Boeing, fabricante americana que pretende criar uma empresa só para fazer jatos regionais da Embraer, é a responsável pelo marketing externo do KC-390. Um dos pontos de venda para obter a autorização do governo brasileiro para associar-se à empresa brasileira é justamente que esse potencial de vendas subiria da casa das dezenas para as centenas em caso de sucesso no negócio.

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O avião ainda não tem preço de prateleira, que depende de fatores como sua configuração, mas estima-se que custe em torno de US$ 85 milhões.