| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Desde quando entrou em processo de recuperação judicial, em junho de 2016, até setembro deste ano, a Oi já perdeu 6,4 milhões de clientes. A maior baixa foi registrada na telefonia móvel, com 5,6 milhões de linhas desativadas, depois em telefonia fixa, com quase um milhão de contas perdidas. Entre as principais operadoras do país, a Oi foi quem mais perdeu clientes no período analisado.

CARREGANDO :)

Os números fazem parte de um levantamento feito pela Gazeta do Povo com base em dados divulgados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O levantamento comparou o número de clientes das operadoras em junho de 2016, quando a Oi entrou com o pedido de recuperação, com setembro de 2017, dado mais recente disponibilizado pela Anatel. Foram analisados os números em quatro áreas: telefonia móvel, telefonia fixa, internet fixa e TV por assinatura (neste caso, o dado mais recente era de maio).

INFOGRÁFICO: Veja a variação de clientes das principais operadoras do país

Publicidade

A Oi foi a operadora que mais perdeu clientes em telefonia móvel no período analisado: 5,6 milhões, uma queda de 11,9% em relação a junho do ano passado. Em seguida, vem a TIM, com uma baixa de 4,6 milhões de linhas, e depois a Claro, com 3,9 milhões. Ao todo, o Brasil perdeu 12,1 milhões de linhas móveis no período, com a Oi sendo responsável por quase a metade (46,3%) dos encerramentos.

LEIA MAIS: Como a Oi, uma empresa de quase 63 milhões de clientes, entrou em crise?

O principal fator apontado para a queda brusca de clientes da telefonia móvel foi a mudança de política dos planos oferecidos pelas operadoras. Elas reduziram as tarifas praticadas nas ligações entre operadoras diferentes e, com isso, os clientes não precisaram mais ter vários chips. A Anatel também incentivou que as teles desativassem os chips inativos há muito tempo.

Outra área em que a Oi perdeu um número considerável de clientes foi a telefonia fixa, seu carro-chefe. A operadora, que já chegou a ser líder em número de linhas fixas, teve uma baixa de quase 1 milhão de clientes entre junho de 2016 e setembro deste ano, uma queda de 6,4%. Foi a operadora que mais perdeu clientes em números absolutos e que também teve a maior diminuição percentual. Vivo e Claro perderam, cada uma, quase 500 mil clientes.

Já em banda larga fixa, a Oi viu sua base encolher apenas 0,2% e, em TV por assinatura, viu seus clientes aumentarem 15%, com 181 mil novas assinaturas no período analisado.

Publicidade

Reclamações

Se os clientes das operadoras, em especial da Oi, estão diminuindo, as reclamações junto à Anatel também. Segundo dados da agência, de janeiro a outubro deste ano na comparação com o mesmo período de 2016, todas as operadoras tiveram redução nas reclamações em telefonia fixa e a maioria em telefonia móvel, TV por assinatura e banda larga fixa.

As reclamações contra a Oi caíram em todos os indicadores. A maior baixa foi verificada em telefonia fixa, com queda de 25,5% nas reclamações, seguido por TV por assinatura (23,3%), banda larga fixa (20,2%) e telefonia móvel (18,9%).

Outro lado

Questionada sobre a queda no número de clientes e se o processo de recuperação judicial acelerou essa baixa, a Oi não respondeu diretamente as perguntas. A operadora enviou uma nota destacando que, durante o processo de recuperação judicial, manteve suas atividades operacionais, aumentou em 11,6% os seus investimento ao longo deste ano (jan-set de 2017 x jan-set de 2016), teve alta de 2,3% na receita líquida de serviços no terceiro trimestre de 2017 (em comparação com o mesmo período de 2016) e viu as reclamações contra a operadora na Anatel diminuírem.

“Durante o processo de recuperação judicial, a Oi continuou focada em suas atividades operacionais, mantendo inalterada a rotina de atendimento, venda, instalação, manutenção e reparo de serviços. Isso se deu em todos os segmentos do mercado de telecomunicações em que a Oi atua”, diz parte da nota. “ Nesse período, a companhia obteve melhoria de caixa, crescimento de receita, aumentou os investimentos e registrou avanços em diversos indicadores operacionais.”

Crise

A Oi entrou em recuperação judicial em junho de 2016, com dívidas de quase R$ 65 bilhões com cerca de 55 mil credores. A operadora enfrenta o interesse divergente de acionistas e credores e, até o momento, não conseguiu aprovar um plano de renegociação das dívidas perante aos credores. A assembleia que discutirá a aprovação do plano e o futuro da operadora já foi adiada diversas vezes e, agora, está marcada para acontecer no dia 19 de dezembro.

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]