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O McDonald’s pode ter algo a explicar. A cadeia de fast-food tem uma das maiores proporções entre o pagamento dos diretores-presidentes (CEOs) e o salário do funcionário médio da empresa. Os executivos recebem 644 vezes a mais, segundo dados coletados pela Bloomberg. A partir da regra aprovada na semana passada pelo órgão regulador do mercado de capitais nos Estados Unidois (SEC, Securities and Exchange Comission), empresas de capital aberto, como o McDonald’s, terão que revelar anualmente a extensão de diferença salarial entre dirigentes e empregados, o que dá margem a críticos dos pagamentos dos CEOs.

Donald Thompson, ex-diretor-presidente do McDonald’s, que saiu do cargo em março, não está nem perto do topo da lista dos executivos americanos mais bem pagos. Mas o dado que a SEC exige mede o salário do CEO sobre a remuneração média de todos os empregados, uma proporção desfavorável quando a força de trabalho inclui muitos cozinheiros de hambúrguer e fritadores de batata.

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Algumas empresas onde os diretores receberam milhões a mais do que os US$7,3 milhões de Thompson no ano passado até apresentam proporções inferiores. Entre os exemplos, estão os CEOs Jamie Dimon, do JP Morgan Chase, que recebeu US$ 27,7 milhões, e Wayne Smith, do operador de hospitais Community Health Systems, cujo salário chegou a US$ 26,44 milhões. Ainda assim, a proporção salarial do primeiro é de 222 para 1 e, do segundo, de 414 para 1.

As estimativas baseadas nos dados disponíveis no momento provavelmente serão diferentes do que as empresas vão relatar quando a regra da SEC exigir em dois anos. Por exemplo, a SEC permite que as companhias omitam uma porcentagem limitada de trabalhadores no exterior, onde os salários podem ser menores.

Pesquisa

A Bloomberg estimou o pagamento do trabalhador médio a partir da identificação dos salários relatados pelas empresas e das despesas com benefícios, e dividiu isso pelo número total de empregados. Uma questão a respeito de usar a remuneração média para alcançar conclusões sobre o quanto os CEOs ganham em comparação com sua força de trabalho é que a regra da SEC é baseada na compensação média, o nível no qual metade dos trabalhadores ganha mais dinheiro e metade ganha menos.

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Por outro lado, empresas como o McDonald’s, nas quais o salário inicial é apenas US$ 1 acima do pagamento mínimo local, estão quase certas de relatar proporções salariais que vão chocar alguns dos empregados e, talvez, investidores.

“Suponho que o CEO do McDonald’s, que tem muitos funcionários nas lanchonetes, teria uma grande proporção e teria muitas pessoas na base”, afirma John Engler, presidente da Business Roundtable, associação de CEOs que se opõe à regra da SEC.

A remuneração no McDonald’s é consistente com os papéis e responsabilidades dos funcionários, de acordo com a porta-voz Becca Hary. A empresa se orgulha das mudanças recentes que fez, incluindo intervalos remunerados e ajuda de custos educacionais dos trabalhadores, afirmou.

É improvável que as corporações gostem da nova exigência da SEC, que teve origem em mandado de uma lei de 2010 que reformulou a regulamentação após a crise financeira. Muitas vão temer que a regra será usada por sindicatos e ativistas para envergonhar os CEOs pelos seus pagamentos.

“Isso realmente rebaixa a própria SEC e sua credibilidade, porque isso não é algo com que os acionistas se importem”, disse John Thain, CEO do CIT Group, à Bloomberg Television na semana passada. “ É uma homologação populista, política”, acrescentou.

Thain está acostumado com revoltas populistas. Como CEO do banco Merryll Lynch durante a crise financeira, sua decisão de gastar US$ 35 mil em uma cômoda para a remodelação do escritório se tornou um símbolo de ofensa pública contra banqueiros.

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