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Quem observa as seguidas quedas na Bovespa pode ficar com a falsa impressão de que a crise esfriou os negócios. O que tem ocorrido é exatamente o contrário: nunca houve tantas operações na bolsa quanto no mês de outubro. A média de 337,4 mil transações feitas por dia registrada no mês passado nunca tinha sido atingida antes. O resultado do mês é 40% superior à média do ano. Em 2007, o melhor mês foi novembro, com 202,4 mil negócios.

Com uma crise aguda que já fez a bolsa acumular cinco meses seguidos de perdas, os investidores têm elevado o número de operações que realizam por dia, na tentativa de conseguirem algum lucro durante o pregão. Agora, quem não quer amargar passivamente as sucessivas quedas que têm abatido as ações de forma generalizada tem tentado comprar e vender papéis no mesmo dia, em busca de conseguir um retorno mais vantajoso.

É o crescimento dessas operações de "day-trade’’ (como são chamados os movimentos de compra e venda no mesmo dia) que têm ajudado a inflar o número de negócios diários. Com o crescimento, outubro também foi o mês com o maior número total de negócios registrados, ao bater em inéditas 6,5 milhões de transações. Para se ter uma idéia de como o movimento cresceu, basta lembrar que em todo o ano de 2004, por exemplo, houve 7,8 milhões de operações realizadas.

"Com a Bolsa altamente volátil, crescem as oportunidades de se ganhar no ‘day-trade’. Os investidores têm girado muito mais por dia na tentativa de conseguir resultados melhores nesse momento de crise’’, diz Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da KNA Consultores.

O momento crítico que tem abatido o mercado acionário acaba elevando o trabalho de muitos gestores, que tentam melhorar o retorno de suas carteiras para inibir os saques de recursos por parte dos insatisfeitos com o andamento nada animador da bolsa. Para muitos fundos multimercados, que podem aplicar parte de sua carteira em ações, a história é a mesma.

O que esses profissionais buscam é comprar uma ação pelo seu menor valor e tentar repassá-la, no mesmo pregão, pelo preço mais alto possível. A oscilação da ação ordinária da Vale é um bom exemplo de como isso funciona. Entre a cotação mínima de R$ 26 e a máxima de R$ 28,53 atingida pelo papel na última sexta-feira, houve uma diferença de 9,73%. E a ação encerrou o pregão com alta de apenas 2,15%.

"Mas essa volatilidade é boa apenas para os profissionais. É muito arriscado para o pequeno investidor querer começar a lucrar dessa forma. É mais fácil acabar perdendo do que ganhando’’, afirma Neves. Para os novatos, o melhor talvez seja nesses momentos deixar o dinheiro que está aplicado em ações quieto por um bom tempo.

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