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O tempo em que as grandes propriedades rurais abocanhavam pequenas áreas continuamente chegou ao fim. O número de estabelecimentos agropecuários do Brasil passou de 4,8 milhões para 5,2 milhões nos últimos 11 anos, conforme dado preliminar do Censo Agropecuário 2007 divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número definitivo, que deve sair ainda neste ano, pode chegar a 5,6 milhões, ampliando o crescimento de 8,33% já verificado. Entre 1985 e 1995, a tendência era inversa: 943 mil estabelecimentos agropecuários desapareceram no período, segundo o instituto.

No Paraná, onde os primeiros dados foram divulgados no início do mês, o número de estabelecimentos aumentou 1,35%, passando de 369 mil para 374 mil. Em 1995, o estado acumulava perda de 180 mil unidades produtivas em 25 anos. Ainda não foi divulgada a proporção dos estabelecimentos que pertencem aos produtores rurais, que são arrendados, cultivados em parceria ou ocupados.

"O êxodo rural acabou. Estamos chegando a um ponto de equilíbrio na agropecuária que deve tornar o número de estabelecimentos mais estável", disse ontem o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, em Ponta Grossa, no encerramento do simpósio Gestão Sustentável do Agronegócio, organizado pela Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha. Para ele, além da boa fase do setor, relacionada à elevação dos preços internacionais, a criação de assentamentos eleva as unidades de produção.

O IBGE considera que uma mesma propriedade pode conter mais de um estabelecimento agropecuário. O conceito refere-se a cada produtor rural que atua por conta própria, com ou sem empregados, independente da posse da área. Quando o filho de um agricultor constrói uma segunda casa na propriedade e passa a cultivar um pedaço de terra de forma independente, acaba criando um novo estabelecimento rural.

A divisão das terras entre herdeiros é uma das principais causas do aumento no número de unidades rurais, avalia o coordenador do Censo Agropecuário no Paraná, Jorge Mryczka. Em sua avaliação, esse crescimento é pequeno e não indica um movimento de retorno da população para o campo. "A concentração de pessoas por casa da zona rural diminuiu de 3,4 para 3,2", acrescenta, citando um dado ainda a ser consolidado. Se essa redução for confirmada, a população que vive nos estabelecimentos rurais cai de 1,55 milhão para 1,19 milhão no estado.

O surgimento de cerca de 400 mil estabelecimentos agropecuários ocorreu principalmente por fenômenos ainda não detalhados pelo IBGE em estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O governo suspeita que muitos produtores dividiram suas áreas em diversos estabelecimentos para ter acesso a programas sociais e a financiamentos com juros baixos reservados à agricultura familiar.

O Censo Agropecuário de 1985 foi o último que registrou aumento no número de unidades rurais – 12%, em relação a 1980. Os estabelecimentos vinham aumentando havia 50 anos, pela expansão das terras agrícolas.

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