Quem olha o comportamento recente da bolsa de valores e do câmbio pode imaginar que a economia brasileira saiu do buraco. Esses dois indicadores de como o mercado percebe o desempenho do país vêm melhorando desde março, quando ficou claro que o processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff iria adiante. O Ibovespa já tem uma valorização de 31% neste ano, enquanto a cotação do dólar, que passou de R$ 4 nos momentos de tensão do início do ano, caiu abaixo de R$ 3,30.
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Os mercados podem estar antecipando o fim da recessão, mas não significa que a economia já iniciou sua recuperação. Em um relatório divulgado na semana passada, o departamento econômico do Itaú, usando indicadores que antecedem o resultado da economia, concluíram que o Brasil fechou o segundo trimestre ainda em recessão, apesar dos primeiros sinais de melhora.
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A equipe do Santander apresentou conclusão semelhante em relatório do dia 22 de julho. Para os economistas do banco, a recessão continuava no fim do primeiro semestre, influenciada por aspectos negativos no mercado de trabalho e a continuidade no aperto do crédito. No lado positivo, os economistas enxergam uma melhora nos indicadores de exportação e substituição de produtos importados. Para o banco, a economia vai estabilizar no terceiro trimestre e começará a retomada só em 2017.
Em relatório sobre as condições atuais da economia, a equipe econômica do Bradesco reviu para baixo sua previsão para o PIB do segundo trimestre, mas não mexeu em sua projeção de retração de 3% para o ano. Os economistas já veem sinais de estabilização, com a redução no ritmo de demissões e indicadores melhores no setor industrial. O setor de serviços, que ainda vem encolhendo, ainda preocupa.
De maneira geral, os sinais de retomada ainda são bastante tímidos. O consumo de energia subiu 1,8% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto a venda de papelão ondulado, insumo usado por quase todos os setores industriais, cresceu 3,4% em junho, também em relação ao mesmo mês de 2015. Esses primeiros dados precisam ser confirmados por uma estabilização na produção industrial e no setor de serviços, que nos últimos meses vem desacelerando.
Se a aposta na estabilização da economia neste terceiro trimestre estiver certa, só os indicadores de julho e agosto vão permitir dizer que o Brasil deixou o estado de recessão. É preciso, portanto, mais tempo para se criar um consenso de que o pior momento econômico já passou.
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