Johnson, da Heinz, e Behring, ex-ALL: maior negócio da história| Foto: Jason Cohn/Reuters

Elefante

"Estou pronto para comprar um outro elefante", disse Warren Buffet, referindo-se a aquisições de alto valor. "Por favor, se você vir algum andando por aí, me ligue." Sua empresa, a Berkshire Hathaway, tem US$ 34 bilhões em caixa.

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Uma das marcas alimentícias mais conhecidas do mercado americano, a americana Heinz passará a ser administrada por brasileiros. A companhia H.J. Heinz – que tem entre seus principais acionistas Teresa Heinz, mulher do secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry – foi adquirida por uma aliança entre a Berkshire Hathaway, empresa de investimentos do bilionário Warren Buffett, e a 3G Capital, dos banqueiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. O negócio envolve o pagamento de US$ 23,2 bilhões em dinheiro, mais US$ 5 bilhões em dívidas que serão assumidas pelos novos donos.

3G e Berkshire serão sócias em partes iguais, e a administração da empresa caberá ao grupo brasileiro. O negócio foi apresentado formalmente em uma entrevista coletiva em Pittsburgh, onde fica a sede da Heinz, com a participação do presidente da empresa, William Johnson, e de Alex Behring, ex-presidente da paranaense América Latina Logística e sócio da 3G.

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Para a 3G, a aquisição da Heinz é um complemento natural para seu investimento na rede de lanchonetes Burger King, comprada no fim de 2010 e na qual ainda detém uma fatia majoritária. Telles e Sicupira são membros do conselho de administração da rede de fast food, e junto com Lemann, fazem parte do conselho da maior cervejaria do mundo, a Anheuser-Busch InBev.

"Meu tipo de negócio"

Para Buffett, o negócio representa uma parceria incomum com um grupo de private equity para uma grande aquisição. Historicamente, suas compras foram feitas por conta própria. Em entrevista ao portal CNBC, ele disse que Lemann o procurou em dezembro com a ideia da compra. "É o meu tipo de negócio e o meu tipo de parceiro", afirmou. O bilionário contou que já estava em busca de uma grande compra, no valor de US$ 20 bilhões ou mais, e afirmou que sua parte na operação será de US$ 12 bilhões a US$ 13 bilhões, entre ações ordinárias e preferenciais. A última vez que Buffett fez um negócio similar foi em 2008, quando a Berkshire ajudou a financiar a compra do fabricante de chicletes Wrigley pela Mars, por US$ 23 bilhões.

No Brasil, a Heinz é dona da marca Quero Alimentos. A companhia norte-americana comprou 80% da fabricante brasileira por cerca de R$ 1 bilhão há cerca de 2 anos.

Ousadia

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Comprando empresas dos EUA, grupo já desapontou até Obama

Folhapress

Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles parecem ter um interesse especial em marcas simbólicas para os americanos. Em 2008, a Inbev – companhia resultante da fusão entre a brasileira Ambev, fruto da engenharia financeira do trio, e a belga Interbrew – comprou a Anheuser-Busch, fabricante da cerveja Budweiser). Em 2010, os brasileiros, por meio da 3G, assumiram a rede de lanchonetes Burger King. Barack Obama, então candidato à presidência dos EUA, disse à época ter ficado "desapontado" com a venda de um "ícone americano".