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A atriz Emma Stone, em cena de Zumbilândia: sequência ameaçada pela pirataria da internet | Divulgação
A atriz Emma Stone, em cena de Zumbilândia: sequência ameaçada pela pirataria da internet| Foto: Divulgação

Campanha

Vida e morte nas telas

Está em cartaz no Prince Charles Cinema, em Londres, uma campanha contra a pirataria de filmes. Nos letreiros do único cineminha independente do West End londrino, em vez do título do filme que está sendo exibido, as letras fazem o apelo, cutucando remorsos religiosos: "Toda vez que você baixa um torrent, Deus mata um cinema". Para quem está pensando "bem feito, quem manda cobrar caro pela entrada", é bom dizer que o Prince Charles Cinema vende ingressos para sessões por a partir de 1,50 libra – o equivalente a R$ 4,30.

Os realizadores de cinema estão se posicionando diante de um te­­ma que está cada vez mais quente: o efeito da pirataria sobre a bi­­lhe­teria – um assunto a que o mun­­do da música já se acostumou, mas que está ganhando força agora en outras áreas. Os estúdios vêm lu­­tando ferozmente contra os downloads, considerados tão nocivos quanto eram as fitas VHS co­­piadas irregularmente, nos anos 90.Imagine então a sua surpresa quando o criador do filme independente Ink, Jamin Winans, afirmou no começo do mês que a pirataria online é uma bênção. Graças a ela a procura pelo seu filme havia aumentado e a expectativa de recuperar o investimento feito parecia mais próxima da realidade. No dia seguinte, por sua vez, o roteirista da comédia de horror Zumbilândia (cuja estreia no Brasil está prevista para 4 de dezembro) declarou que, por causa da pirataria eletrônica, a continuação do filme estava ameaçada. É bem difícil encontrar na in­­dústria do cinema alguém que veja com bons olhos a troca de arquivos na rede – algo, relativamente co­­mum entre músicos, como os do Ra­­diohead, e, em menor grau, entre escritores, como Paulo Coelho.

Na rede, a trajetória de diferentes formas de arte tem tido timings diferentes. As gravadoras viram o seu negócio encolher quase pela metade nos últimos dez anos, desde o surgimento do Napster. Até agora, mesmo após o nascimento do formato torrent (que permite a troca de arquivos mais pesados, co­­mo filmes e games), a história não havia se repetido com o cinema.

Talvez porque os arquivos fossem mesmo muito grandes. Tudo leva a crer que o aumento da oferta de banda larga está diretamente ligado a maior procura por filmes na rede. Na Coreia do Sul, país em que a banda é a mais larga do mundo – estima-se que taxas de transferência da ordem de 1 gigabyte por segundo estejam disponíveis por lá, para usuários domésticos, a partir de 2012 – , o mercado de DVDs sucumbiu frente ao download ilegal.

E o comportamento do usuário também é diferente. Se em 2008, o filme mais baixado ilegalmente, com 7 milhões de downloads, foi também o mais assistido nos cinemas (Batman – O Cavaleiro das Trevas), o mesmo não acontece em 2009. Watchmen, com 17 milhões de downloads, não emplacou nas bilheterias. Ao mesmo tempo, a venda de DVDs, maior fonte de renda dos estúdios, despencou 13,5%, nos primeiros seis meses do ano.

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