• Carregando...
Vídeo | Reprodução / Paraná TV
Vídeo| Foto: Reprodução / Paraná TV

Trabalhar é um desafio diário que começa na hora de se conseguir – e manter – uma atividade profissional, passa pelo desequilíbrio de forças entre capital e mão-de-obra, continua pela preparação e atualização constantes e chega até à saúde do trabalhador. Dentre os principais desafios enfrentados no mercado brasileiro, elencamos os 10 mais importantes.

A professora Maria Aparecida Bridi, mestre e doutoranda em sociologia do trabalho e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Sindicalismo no Paraná (Nupespar) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), lembra que as mudanças mais profundas nas relações de trabalho no país, que moldaram a realidade que enfrentamos hoje, vieram junto com as mudanças econômicas dos anos 90. "As empresas passaram por reestruturação para atender o mercado aberto e por causa da privatização", explica. Isso criou uma série de exigências para o profissional brasileiro, que se viu pressionado por metas e obrigado a adquirir novas habilidades para se manter competitivo. "Outra dificuldade é manter-se física e emocionalmente saudável diante das pressões, que existem em todos os níveis: do chão-de-fábrica à gerência."

Ao mesmo tempo vieram mudanças na legislação trabalhista que flexibilizaram as relações entre empregado e patrão. O presidente da Central Única dos Trabalhadores no Paraná (CUT-PR), Roni Anderson Barbosa, avalia que nos governos Collor e FH pequenas reformas prejudicaram os trabalhadores. "Instituíram o banco de horas, o contrato por tempo determinado e temporário e o trabalho aos domingos", enumera. Para o sindicalista, a lei atual é problemática por ser baseada na legislação trabalhista da Itália fascista, da década de 30, copiada por Getúlio Vargas. "Lá, quando o Mussolini caiu, mudaram a lei, mas aqui, quando o Getúlio caiu, veio um monte de gente e a lei continuou a mesma."

Segundo Barbosa, os principais problemas são a falta de liberdade na constituição de sindicatos e a existência da contribuição sindical obrigatória. "Isso não existe em lugar nenhum do mundo. A legislação incentiva a fragmentação. Temos 18 mil sindicatos no Brasil, entre patronais e de trabalhadores, enquanto na Alemanha são apenas sete", exemplifica. O sindicalista defende a tese de que deveria haver grandes sindicatos nacionais de categorias, como um sindicato da educação, um do setor financeiro e assim por diante. "A reforma sindical tem que voltar à pauta no Congresso."

A condição do trabalhador depende unicamente das políticas públicas, defende a professora Maria Aparecida. "A história mostra que a desvantagem entre capital e trabalho exige resposta legislativa." O professor de economia Ricardo Kureski, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), acrescenta que a melhor maneira de se criar emprego é com o crescimento econômico, o que pode ser alcançado com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"O que o governo tem que fazer é votar os projetos do PAC, porque quanto mais o PIB aumentar, menor será o desemprego", justifica. Além disso, segundo ele, o que poderia contribuir para um aumento na oferta de vagas é uma reforma tributária. "O empresário não investe por causa da alta carga de tributos."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]