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Plataforma da OGX na bacia de Santos: devolução de campos petrolíferos, em junho, foi sinal de que algo ia mal | Divulgação/ OGX
Plataforma da OGX na bacia de Santos: devolução de campos petrolíferos, em junho, foi sinal de que algo ia mal| Foto: Divulgação/ OGX

Em alta?

Um movimento técnico, de operadores correndo para "zerar" posições na bolsa, fez a cotação dos papéis da OGX terminarem o dia em alta de 14,29%. Na abertura do pregão, as ações tiveram bateram a cotação mínima histórica de R$ 0,19. O papel, que em outubro de 2010 chegou a ser negociado a R$ 23 terminou o dia a R$ 0,24.

De mudança

As empresas do grupo EBX iniciaram um plano de desocupação do histórico edifício Serrador, no centro do Rio, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem. A mobilização começará pela companhia de logística, a LLX, que deve transferir a sede até o final do mês.

Sem socorro

Companhia "terá de se resolver sozinha", diz presidente do BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não deve ajudar a OGX a sair de sua complicada situação financeira, afirmou o presidente da instituição, Luciano Coutinho. "A OGX terá de se resolver sozinha", disse.

Já o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, afirmou que o governo está acompanhando com interesse a situação da empresa, e fazendo o que é possível dentro dos limites da lei. "O governo simplesmente acompanha, torce para que dê certo. A gente confia que o empresário Eike Batista vai superar essas dificuldades que ele está vivendo no seu grupo empresarial", disse Pimentel.

  • Eike Batista: crise afeta outras empresas

A OGX, petroleira de Eike Batista, não honrou ontem o pagamento de US$ 45 milhões a credores internacionais, referentes aos juros de uma captação de US$ 1,063 bilhão. O movimento, que era esperado pelo mercado, começa a configurar o que pode se tornar o maior calote de títulos de dívida corporativa brasileira. Para financiar sua campanha de exploração de petróleo, a OGX emitiu bônus no mercado externo e acumulou dívidas de US$ 3,6 bilhões. Com o fracasso na busca por grandes reservas, os investidores internacionais viram o valor dos bônus, com vencimento em 2022, encolher 85%.

Tecnicamente, ainda não houve calote, já que a suspensão do pagamento do cupom da dívida deu automaticamente à OGX 30 dias de prazo para tentar efetuar o pagamento. A solução para os credores desses bônus, representados em quase 60% pelos fundos das administradoras de fundos Pimco, BlackRock e Templeton, passou a ser a grande incógnita do caso.

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito corporativo da OGX de CCC- (pequena expectativa de recuperação) para D (moratória). "O rebaixamento segue-se ao fracasso da empresa em fazer o pagamento de juros das notas seniores para 2022", afirmou Renata Lotfi, analista de crédito da agência. "Não esperamos que a empresa pague os juros dentro dos cinco dias úteis estabelecidos pelo nosso critério e acreditamos que isso indica um default geral e que a companhia vai reestruturar sua dívida", acrescentou.

Acionistas

As opiniões convergem para o fato de que os credores da OGX devem preferir negociar a ver a falência da empresa e perder até os 15% do valor original dessa dívida. Nesse sentido, uma das propostas que a OGX tem feito ventilar, nesse jogo de forças com os credores, é uma troca da posição de credores para o de acionistas.

Uma eventual recuperação judicial da OGX teria como aspecto positivo a transparência para credores financeiros e fornecedores quanto à real situação da empresa, avalia a advogada especialista em recuperação judicial Juliana Bumachar, do Bumachar e Advogados Associados. A definição de um plano de pagamento da dívida e de como honrá-lo reduziria a incerteza desse processo. O lado negativo é que deve ficar mais difícil para a empresa captar recursos durante a recuperação, ainda que os empréstimos de "dinheiro novo" tenham tratamento prioritário nos pagamentos em caso de falência.

Opinião

Excesso de confiança por todos os lados

Franco Iacomini, editor de Economia

Quando a OGX Petróleo fez sua oferta pública inicial de ações, em junho de 2008, ela era uma promessa. Havia sido criada 11 meses antes, tinha escritórios no Rio de janeiro, um punhado de funcionários. Em novembro de 2007 havia arrematado licenças para explorar petróleo em 21 áreas, mas só viria a extrair a primeira gota de óleo em janeiro de 2012.

Era, de fato, uma empresa pré-operacional. Como uma lanchonete prestes a abrir suas portas. No caso da lanchonete, muita coisa pode dar errado – o ponto pode ser ruim, a clientela pode não gostar dos sanduíches, o preço dos ingredientes pode subir, a renda da população vizinha pode flutuar. São fatores de risco, e a OGX também tinha os seus.

Investidores (pequenos e grandes) que nunca colocariam um real rasgado numa lanchonete fechada puseram seu rico dinheirinho em ações da OGX, transformando-a em um fenômeno na bolsa. Um fenômeno que, agora, virou pó.

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