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A indústria têxtil brasileira passa por um mau momento: no primeiro trimestre deste ano a produção caiu 25% na comparação com o mesmo período de 2005 e a competição com os produtos vindos do exterior cresceu – as importações saltaram de US$ 61 milhões para US$ 93 milhões. Mesmo nesse ambiente de perdas, um grupo de empresas paranaenses vem obtendo bons resultados apostando em design inovador e no fortalecimento de suas marcas: as confecções de moda jovem, em especial de calças jeans.

A Puramania, de Cianorte, elevou a produção entre 10% e 15% nos três primeiros meses deste ano, comparado ao mesmo trimestre de 2005. O diretor Chebli Nahan Filho admite que a empresa sofreu com a retração nas vendas do varejo do ano passado, mas comemora a boa fase, que incluiu a consolidação da marca no mercado de Curitiba, onde enfrentou uma certa resistência de consumidores que não a conheciam.

Agora, o objetivo é atingir outros estados. Nabhan diz que a marca está em 800 lojas multimarcas do país, e tem como objetivo alcançar mil pontos de venda até o fim do ano. Ele atribui à venda nesse tipo de estabelecimento o crescimento em um cenário tão difícil. "Com essa expansão para novas praças queremos superar a crise."

Para o consumidor, o fato de estar comprando um produto paranaense não faz a menor diferença. Segundo o estilista da Sexxes – concorrente curitibana da Puramania – Júnior Gabardo, o fato de a empresa não ter sido reconhecida como um produto regional ajudou a aceitação do exigente mercado curitibano. "Fizemos sucesso em Curitiba justamente por que no início, o consumidor achava que éramos de fora, já que entramos com um posicionamento forte, investindo em publicidade, lojas bacanas, tudo o que as grandes marcas fazem." A Sexxes, desde que foi criada, há dez anos, investe pelo menos 10% do faturamento anual em marketing.

E foi justamente o gosto pela marca que levou a paranaense Paula Gugelmin Kasecker, de 16 anos, à mais antiga loja da W.Friends, no centro de Curitiba. Dona de 15 calças jeans, a estudante saiu da loja com dois novos modelos, depois de negociar com a mãe – que estava junto – e com o pai – pelo celular – que cada um pagaria por uma delas. As calças da marca custam entre R$ 60 e R$ 135. A W. Friends, única marca paranaense de jeans que ainda mantém a produção em Curitiba, dobrou de tamanho no ano 2000. Hoje são produzidas cerca de 8 mil peças, vendidas exclusivamente nas lojas próprias.

Como estão voltadas para o mercado interno (apesar de a Puramania e a Sexxes já estarem exportando em pequena escala), as marcas paranaenses de jeans sofreram pouco com a desvalorização do dólar frente ao real. Como investiram em diferenciação também não perderam espaço para os produtos chineses, que afetam mais os fabricantes que apostam em preço baixo e menos em qualidade.

No primeiro trimestre de 2005, segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), a indústria brasileira do segmento exportou US$ 85 milhões e importou US$ 61 milhões. No primeiro trimestre deste ano, no entanto, o quadro se inverteu e o saldo da balança ficou negativo para o Brasil em US$ 22 milhões. Só as exportações de produtos chineses para o país cresceram em 70%. Para o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário no Estado do Paraná, Ardisson Akel, o sucesso das marcas paranaenses de jeans é reflexo das opções que fizeram."Com o cenário atual só aquelas que conseguiram a diferenciação resistiram. Muitas seguiram por esse caminho e passaram de fábricas a grandes marcas."

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