• Carregando...

Críticas, como muitas coisas na vida, são muito melhores de dar do que receber. Se você tem um daqueles chefes que gostam de dizer "minha porta está sempre aberta" ou um departamento de RH transparente, que quer saber suas impressões sobre outras pessoas, você pode de repente achar que está sendo bem solícito. Mas tome cuidado. A verdade dói e julgamentos realistas sobre seus colegas, como "totalmente inútil", "preguiçoso" ou "burro como uma porta" – apesar de serem corretos e merecidos – não vão ajudá-lo no longo prazo. Por isso, aprenda o jargão necessário e tenha cuidado com o que fala.

O primeiro ponto a se lembrar antes de criticar os outros é que é preciso ser amplo e impessoal. Ao invés de dizer que o João está sempre atrasado, ou que a Sandra perde o dia inteiro no Mer-cado Livre, fale sobre o gerenciamento de tempo "da equipe". Se você quiser soar como um verdadeiro líder, fale sobre a cultura do escritório, como o termo "cultura de baixa produtividade". Depois, lembre-se dos problemas, picuinhas e brigas existentes, mas que obviamente não devem ser referidas desta forma. São "questões" ou "desafios". No máximo, quando for se referir àquele erro grotesco, visto a quilômetros de distância, fale sobre "falha na comunicação" ou "falta de atenção", com uma expressão angustiante – você sabe qual. Neste mo-mento podem questioná-lo sobre seu diagnóstico das fraquezas da equipe. Resista à tentação de "pisar em cima de todos" – é extremamente não-profissional.

Quando pressionado a dizer sobre os motivos de todos estes desafios, questões e culturas de falha de comunicação, você deve sempre responder a mesma coisa: capacidade. Isso mesmo. As coisas dão errado em escritórios por causa de "questões de capacidade", o que, trocando em miúdos, significa que as pessoas não têm tempo suficiente para fazer o que elas deveriam. Capacidade, curiosamente, é uma daquelas palavras que perde seu poder assim que você desliga seu computador e vai embora. Tente culpar sua incompetência em buscar a roupa na lavanderia ou o esquecimento em comprar um cartão de aniversário para alguém por questões de capacidade para ver o que acontece. Simplesmente não funciona.

Amigos e colegas podem instintivamente perceber a diferença de quando você não tem tempo e quando simplesmente não pode ser incomodado. Chefes, por outro lado, têm apenas suas suspeitas e precisam de provas sólidas. Quando eles as conseguem, uma questão de capacidade vira um "desafio de performance". É aqui que as coisas começam a ficar desagradáveis. Como um colega, você nunca deveria falar sobre o trabalho dos outros. Isso aumenta os riscos e tem um péssimo costume de se voltar contra você. A última coisa que você quer é que sua crítica excelente sobre a dinâmica da equipe seja confrontada com uma resposta como: "Se não resolvermos esses de-safios de performance, a retenção vai ser uma prioridade no departamento." O que, em um portu-guês claro, significa: "Comecem a trabalhar senão estão todos despedidos."

O que importa é que, agora que você dominou a arte de fazer críticas, você pode dá-las tão bem quanto recebe-las. O seu chefe o deixa no escuro e de repente o entope de trabalho sem o menor aviso? Então por que não responder: "Há uma cultura de déficit na comunicação aliada a um persistente alongamento de capacidade". Ufa! Mantenha isso em mente e se eles o mandarem para o olho da rua, você sempre poderá pegar um emprego de consultor em gerenciamento.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]