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Câmbio limita crescimento

Apesar dos resultados industriais animadores, a política cambial brasileira ainda é apontada como barreira ao desenvolvimento. "A taxa cambial atual tira a competitividade dos produtos brasileiros e implica em altos custos de produção. Os agricultores produzem porque não tem outra saída", diz o assessor da presidência da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque. Os fertilizantes, cuja matéria-prima é importada, tiveram alta de 50% no último ano, de acordo com a Faep. Segundo Albuquerque, o quadro positivo é apenas momentâneo. "Conseguimos postergar as dívidas agrícolas para agosto, mas elas continuam lá, e estão crescendo."

"Para nós, é importante não ocorrer muita variação cambial. Mas para o nosso cliente, o real valorizado é prejudicial. Se é ruim para ele, acaba sendo ruim para nós", diz o diretor da Península Fertilizantes, Dicesar Santiago de Souza. Para o coordenador do curso de Economia da Unifae, Gilmar Lourenço, a trajetória positiva da indústria paranaense requer mudanças radicais na política de juros e de câmbio, assim como uma reforma tributária. (RF)

No primeiro semestre de 2007, as lavouras foram o cenário ideal para o Paraná desempenhar um papel que não fazia há 10 anos. A recuperação do setor agrícola, beneficiado pela alta dos preços internacionais, contribuiu bastante para o aumento da produção industrial do estado e a alta foi de 7%, o maior valor para o primeiro semestre desde 1997. Naquele ano, a indústria paranaense havia produzido 7,8% a mais do que o mesmo período do ano anterior. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou ontem os dados regionais da pesquisa industrial.

Em 2004, outro ano de destaque para a agricultura, a indústria paranaense havia crescido 6,95% no primeiro semestre, praticamente o mesmo porcentual registrado em janeiro e junho deste ano (6,98%, sem arredondar). Nos dois últimos anos, o Paraná foi prejudicado pela quebra de safra e outros problemas no agronegócio, como a suspeita de febre aftosa.

A alta registrada pela indústria do Paraná entre janeiro e junho ficou acima da média nacional (4,8%) e foi o terceiro melhor resultado das 14 regiões pesquisadas. O crescimento da indústria paranaense acumulado nos últimos 12 meses também mostra tendência de aceleração: passou de 3,1% em maio para 3,6% em junho. Em comparação com junho de 2006, a variação foi de 4,1%. E, após dois meses consecutivos de queda, a produção industrial do Paraná cresceu 1,4% frente ao mês imediatamente anterior.

Os setores que mais contribuíram para o bom desempenho industrial do Paraná no semestre foram o de veículos automotores, com alta de 13,1%, máquinas e equipamentos (16,2%) e outros produtos químicos (41,8%). Estes dois últimos refletem o dinamismo do campo: ocorreram pelo aumento na produção de colheitadeiras e de adubos ou fertilizantes, de acordo com o IBGE. O destaque negativo ficou por conta da indústria madeireira, que teve produção 13,6% inferior, principalmente pela queda na fabricação de folhas para folheados e madeira compensada.

Dados do Porto de Paranaguá, o principal corredor de importação de fertilizantes do Brasil, comprovam o levantamento feito pelo IBGE. No primeiro semestre deste ano, chegaram no terminal 3,9 milhões de toneladas de fertilizantes, contra 1,8 milhão no ano passado e 3,3 milhões em 2004. Os dados foram colhidos pelo diretor da Península Fertilizantes, Dicesar Santiago de Souza, que também é diretor do Sindicato da Indústria de Adubos do Paraná.

A Boutin Fertilizantes, de Curitiba, comercializou 86% mais fertilizantes do que no primeiro semestre do ano passado: passou de 21 mil toneladas misturadas para 40 mil. Os cerca de 70 funcionários devem receber o apoio de mais um grupo nos próximos meses. "No nosso ramo, o segundo semestre é sempre melhor. Provavelmente teremos de contratar mais para fazer um outro turno de trabalho", diz o diretor comercial da Boutin, Aluisio Teixeira. No primeiro semestre, o turno único foi possível pelo planejamento feito pela empresa para o longo prazo, explica o supervisor comercial Amaurício Bueno. "Não fomos pegos de surpresa, fizemos um ajuste ao longo do tempo."

A Montana, fabricante de tratores e pulverizadores de São José dos Pinhais, teve um incremento médio de 50% nas 27 linhas de produção. A retomada ocorreu após dois anos de baixa, diz a diretora do departamento de exportações, Édla Pavan. No ano passado, foram demitidos 12% dos funcionários. Hoje, com 350 trabalhadores, a empresa está fazendo o processo seletivo para recontratação de cerca de 20 pessoas. "Foi muito significativo este semestre, tanto em relação a 2006 como a 2005", afirma.

A Pastre, fabricante de implementos rodoviários (caçambas, carrocerias, reboques), com sede em Quatro Barras, teve crescimento de 25% no semestre.

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