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Cabianca, da WB4B/C´: lojas on-line também demandam investimentos | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Cabianca, da WB4B/C´: lojas on-line também demandam investimentos| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Colaboração é impulso para os negócios

Um dos impulsos mais importantes para o desenvolvimento de negócios na internet é o fato de ela permitir a colaboração entre pessoas que, apesar de distantes, têm algum interesse em comum. Isso vale para quem quer encontrar um desafiante jogo de xadrez até um cientista que precisa de uma mão para solucionar um problema complexo.

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Google é o exemplo perfeito da tese

A economia virtual tem no Google seu centro nervoso. A empresa se tornou o principal organizador de informação da internet e se encaixa perfeitamente na tese de que a tendência é de que o usuário tenha uma experiência gratuita na rede. O negócio começou como uma ferramenta de busca e foi estendendo tentáculos para e-mail, site de relacionamentos, de veiculação de vídeos (com a compra do YouTube), mapas e blogs. Por trás disso tudo está a intenção de fazer com que as pessoas gastem o máximo de tempo possível conectadas e que sejam direcionadas para outros sites.

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Na metade da década de 90, a internet se tornou comercial e desencadeou uma corrida entre empresas para ver quem descobriria o melhor modelo de negócios on-line. Para o jornalista norte-americano Chris Anderson, editor da badalada revista de tecnologia Wired, a fundação dos modelos bem-sucedidos na rede têm algo em comum: o termo grátis. A economia da internet, para ele, não seria baseada na ideia de que os recursos são finitos, mas sim na abundância de gigabytes que acaba levando os preços para zero.

Anderson admite que a presença do gratuito no mundo dos negócios não é nova. Ele começa seu livro mais recente, Free: The Future of Radical Price (ainda sem tradução no Brasil mas acessível, de graça claro, no formato de audiobook), contando histórias centenárias. Lembra de como um inventor chamado King Gillette entregava aparelhos de barbear para que os usuários comprassem suas lâminas. Mais recentemente, enormes empresas de televisão se firmaram com a transmissão aberta de seus programas. Isso sem contar brindes e amostras grátis. Para ele, a internet potencializa essas formas manjadas de gratuidade.

Dois fatos ajudam a explicar por que a rede seria o mundo do grátis. Primeiro, há uma tendência de queda acentuada nos custos de equipamentos para manter e usar a internet. Espaço de armazenamento e a banda para tráfego de dados, por causa da inovação tecnológica e ganhos de escala, ficam mais baratos em um ritmo em que fica impossível medir o custo de cada usuário na rede. Além disso, as empresas têm um incentivo para tirar proveito desse barateamento, algo explicado pela psicologia: por alguma razão não muito difícil de entender, as pessoas gostam do que vem de graça.

Competição

Há poucos dias, dois novos capítulos na competição pela gratuidade dão suporte ao argumento de Anderson. Primeiro, o Google anunciou que colocará na rede softwares, como editores de textos e imagens, sem qualquer custo para o usuário. O movimento forçou uma reação da Microsoft, que também vai oferecer programas de graça. Pouco depois, Microsoft e Yahoo! anunciaram que vão se unir no mercado de buscadores – serviços sem custo e que se tornaram o centro nervoso da navegação na internet.

O que está por trás desses movimentos, no entanto, não tem nada parecido com custo zero. São empresas que querem ganhar dinheiro com o fato de as pessoas dedicarem tempo e atenção ao mundo virtual – são essas duas coisas intangíveis, afinal, o que essas companhias disputam. A diferença para outras mídias, é que agora os usuários têm a possibilidade de interagir, dar opiniões, comprar e vender no mesmo ambiente onde buscam informação.

O livro de Anderson foi recebido com críticas bastante ácidas, principalmente de quem vê com ceticismo a possibilidade de a informação simplesmente não ter valor real na internet. Seu argumento de que os custos no mundo on-line tendem a zero foi tratado como uma utopia, já que o funcionamento da rede é, no fim das contas, pago por alguém. Serviços como e-mails e sites de relacionamentos são gratuitos porque seus criadores querem tráfego para vender anúncios – por trás dos quais há produtos e serviços reais à venda. A presença do grátis na internet, portanto, não seria muito diferente de brindes ou transmissões de tevê que levam a um consumo que cobre todos os custos – o que, de certa forma, Anderson admite.

"O uso do gratuito na internet é para divulgar ou proliferar um serviço. É comum uma empresa lançar um produto de graça e oferecer ao mesmo tempo algo mais sofisticado que pode ser cobrado", explica Ricardo Cabianca, diretor de marketing e novos negócios da WB4B/C’, uma empresa de tecnologia de Curitiba que é um exemplo de como a rede tem custos e gera negócios reais. A firma, com nove anos de existência, começou fazendo softwares e mais recentemente passou a prestar serviços, como a administração de sites de comércio on-line.

"Às vezes as pessoas têm uma percepção de que é muito barato fazer qualquer coisa na internet, mas não é assim. Uma loja on-line demanda investimento e uma equipe para fazer a gestão", diz. A grande diferença é que a abrangência na rede é outra. Em vez de tentar atrair moradores de uma região, ou quem está passando na frente da vitrine, no mundo on-line é preciso chamar a atenção de qualquer um que esteja conectado e tenha interesse nos produtos da loja. É essa ponte o segredo do Google.

Transição

Essas características do mundo virtual fazem com que a distribuição de recursos seja diferente da economia tradicional. O preço de uma certa informação tende a refletir sua capacidade de atrair a atenção, e não o esforço intelectual de sua produção. "A evolução tecnológica produz vencedores e perdedores. Uma tecnologia criada por terceiros pode levar à ruína o que estava dando certo para um setor", explica Fernando Arbache, professor do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas (Isae/FGV) especializado em tecnologia da informação.

O exemplo clássico é a indústria fonográfica, que sofreu com um terremoto causado pelo download não pago. Para alguns músicos, inclusive, está ficando mais atraente colocar as músicas de graça na rede, como fez o grupo britânico Radiohead, e fazer dinheiro com shows do que competir com a tecnologia. "Outro setor que está mudando com a competição tecnológica é o de telefonia. As pessoas encontraram na rede uma forma mais barata de comunicação", diz Arbache.

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