A temporada de inscrição para os vestibulares está prestes a começar e muitos estudantes terão que responder a pergunta que mudará suas vidas: "O que eu vou ser?" A orientação profissional é um caminho que pode facilitar a resposta. Mas a idéia de procurar ajuda profissional apenas às vésperas de efetivar a inscrição pode resultar em escolhas precipitadas. Como se trata de uma decisão que exige tempo, pesquisa e paciência, algumas escolas apostam na orientação profissional a longo prazo.
É o caso do Colégio Santa Maria, em Curitiba, que oferece a seus alunos o contato com o mundo do mercado de trabalho desde o início do Ensino Médio. "Pode parecer precoce falar em escolha da profissão para estudantes do 1.º ano, mas é importante que o jovem comece a buscar o quanto antes informações sobre as carreiras que lhe interessam", explica a psicóloga Selena Garcia Greca, especialista em Orientação Profissional.
Guilherme Passos, aluno do 2.º ano do ensino médio, começou este ano a participar do projeto de orientação do Santa Maria e concorda que é melhor decidir o quanto antes a futura profissão. "Ano que vem vou prestar o vestibular e já sabendo que curso vou fazer. Posso me concentrar nos estudos", diz. "Estou em dúvida entre três cursos, mas todos na área de Ciências Humanas."
A orientação que Selena faz na escola inclui aulas, encontros em grupo, visitas a universidades e palestras com os pais dos futuros vestibulandos. "A família deve participar como aliada do jovem, sem pressioná-lo."
Também no 2.º ano, Stefano Calomeno, 16 anos, sabe bem como a família pode influenciar na decisão. Filho de médico, começou a participar do grupo de orientação pensando em seguir a carreira do pai. "Gosto da área da saúde e queria continuar no ramo. Mas agora também penso em fazer Direito ou jornalismo". O pai, Luiz Henrique Calomeno, gostaria de vê-lo seguir a Medicina, mas afirma que vai respeitar e apoiar a decisão do filho. "Eu sugeri que fizesse a orientação, para ampliar suas opções. O importante é que ele seja feliz".
O médico acredita que o programa ajudou o filho a conhecer suas qualidades e defeitos. Selena destaca que essa é a principal função do projeto. "O autoconhecimento é imprescindível para uma boa escolha. O objetivo é fazer o aluno pensar sobre quais habilidades possui e quais quer levar para a vida profissional." A psicóloga destaca que conhecer o curso pretendido é fundamental e que a falta de informação pode resultar numa opção equivocada.
Outro fator que transforma a escolha da carreira em um "bicho-de-sete-cabeças" é a grande variedade de opções de cursos disponíveis, afirma a psicoterapeuta e mestre em Educação, Anadir Thomé Oliari. Mas a principal dificuldade, aponta, é que o jovem espera se ajustar à profissão, quando deveria ocorrer o oposto. "Nossa educação é mecanicista, racional: escolhe-se uma carreira pelo status, pelo retorno financeiro e não pela intuição", diz. "Muitas vezes o profissional que segue esse caminho alcança o reconhecimento social, mas não tem a satisfação pessoal e frustra-se."
A psicóloga do Santa Maria lembra que a orientação profissional não faz milagres. "Muitos alunos esperam uma resposta mágica e esquecem que a escolha da carreira é um processo que exige trabalho. É uma decisão interna e solitária", diz. "O que fazemos é ajudá-los a acumular dados a seu respeito e unir isso a seu perfil profissional."
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