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Modelo de rádio-relógio da marca alemã Grundig, fabricado nos anos 70: aparelho tinha se tornado corriqueiro, mas ressurge conectado | Fotos: Divulgação
Modelo de rádio-relógio da marca alemã Grundig, fabricado nos anos 70: aparelho tinha se tornado corriqueiro, mas ressurge conectado| Foto: Fotos: Divulgação

Smartphone é o principal concorrente

Ano passado, a Hewlett-Pa­­ckard revisitou o conceito do Dream Machine lançando o Dream­Screen.O aparelho era vendido a US$ 250 (mas hoje já pode ser encontrado por US$ 175) e é um porta-retrato digital incrementado. Para ser instalado ao lado da cama, o aparelho faz tudo o que o Chumby faria, mas as fo­­tos e aplicações (apps) têm me­­lhor aparência em sua tela de 10 polegadas. O dispositivo, to­­davia, tem algumas limitações; o software é instável e uma tela touchscreen não seria má idéia. Os executivos da HP prometeram melhorias futuras, mas elas ainda não foram imple­­men­­tadas.

A Sony já se antecipou e lançou o Dash. A empresa aproveitou o "esqueleto" do Chumby, revestiu-o de um porta-retrato digital e adicionou a possibilidade de monitorar feeds. Além disto, o Dash possui uma tela touchscreen para que os usuários possam espiar as atualizações de status do Facebook já nas primeiras horas da manhã. A Sony investiu pesado na di­­vulgação do produto e está claro que ela quer retomar o espaço que o Dream Machine havia conquistado em muitas cabeceiras. "É um aparelho muito útil. Ele é provavelmente a última coisa que o usuário verá an­­tes de dormir e a primeira coisa que verá ao acordar", comentou Brennan Mullin, vice-presidente sênior da divisão de som e ima­­gem da Sony.

Múltiplas telas

O conceito nos círculos de eletrônicos de consumo há alguns anos é que um lar deveria ter duas ou três telas. "Não haverá três telas no mundo das pessoas – pode contar pelo menos umas trinta", disse Andrew Sivori, diretor do marketing de produtos para a divisão de áudio da Sony. O executivo se refere a por­­ta-retratos digitais, laptops, ta­­blets e smartphones.

E é este último aparelho que representa a maior ameaça ao espaço do rádio-relógio nas ca­­beceiras. "As pessoas deixam seus telefones ao alcance das mãos ao irem para a cama", co­­mentou Punit Shah, chefe-executivo da Zazu, empresa sediada em Boston que quer transformar o smartphone em um rádio-relógio. O executivo citou a pesquisa da Morgan Stanley que revelou que 91% dos americanos deixam seus celulares próximos à cama. Shah planeja vender uma app para telefones Android, que os converte em aparelhos rádio-relógio inteligentes. A app irá possuir uma variedade de vozes computadorizadas que lerão as manchetes da manhã a fim de acordar o dono do celular. A idéia é que es­­ta é uma maneira mais suave de se começar o dia do que um alarme, uma música ou uma espiadinha no Facebook.

Pode ser uma questão de gosto, mas não parece amigável a idéia de dormir durante a próxima era tecnológica.

  • O Chumby, com tela de LCD e design que lembra uma bolsa
  • Sony Dash: acesso a jornais, sites, redes sociais, músicas e fotos
  • Dreamscreen, da HP: porta-retratos digital com funções adicionais

Para muitas pessoas, o início da era digital – ou pelo menos o primeiro sinal de seu advento – provavelmente não se deu com instruções em cartões perfurados alertando para não dobrar, amassar ou rasgar, nem com os primeiros computadores.Não, deve ter sido uma caixinha que repousa ao lado das camas nos acalmando para dormir à noite e nos acordando de maneira eletrizante pelas ma­­nhãs: o rádio-relógio digital. Em vez de ponteiros, ali foram instalados números, simples e claros, que viravam com o passar dos mi­­nutos – números iluminados só foram lançados após al­­gum tempo – para nos dizer que uma nova era no consumo de ele­­trônicos havia chegado. Nos Estados Unidos, essa era chegou em 1968. E o rádio-relógio Sony Dream Machine, modelo 8FC-59, deu um upgrade re­­pentino no criado-mudo. Exis­tiam outros rádio-relógio digitais, mas esse era o modelo mais cobiçado. Em algum momento, o rádio-relógio da gigante japonesa estava em um terço dos la­­res norte-americanos, de acordo com a própria Sony. Os anos se passaram e o apelo pela invenção perdeu sua força. Nas décadas de 1980 e 1990, ganhar um rá­­dio-relógio era a mesma coisa que ganhar um par de meias ou um jogo pega-varetas.

Tal cenário mudou nos últimos anos graças ao advento de players de música digital, sendo o iPod o mais famoso deles. As mu­­danças deram uma nova vida à combinação de rádio e relógio e a tornaram novamente em um presente interessante. Há quem diga que o rádio-relógio revivido pode acabar sendo desbancado de vários criados-mudos por seu primo, o smartphone – que além de tocar músicas, pode se conectar a internet. Mas novas e sofisticadas versões do rádio-re­­lógio podem ser conectadas à re­­de e isso significa que ainda é ce­­do para sair emitindo sua certidão de óbito.

Para uma invenção-combinação tão bem sucedida, a origem do rádio-relógio original es­­tá en­­volta em mistério. Mui­­tos websites atribuem a invenção a James F. Reynolds e Paul L. Schroth Sr. na década de 1940, mas ninguém confirma evidências. De fato, Thomas Churm, americano que mora em Berlim, se determinou a desvendar este mistério em seu blog, Online­Clock.net. "Tivemos uma enorme dificuldade em rastrear quem inventou o rádio-relógio", disse. Ele nunca encontrou o inventor, e o escritório de patentes dos EUA não possui nenhum registro tampouco. (Churm, entretanto, alega ter inventado o primeiro despertador digital em 2006 e o primeiro rádio-relógio em um browser em 2008).

A Associação de Eletrônicos para Consumo também não deu muita atenção ao rádio-relógio. Ela nunca monitorou as vendas de aparelhos rádio-relógio, apenas rádios e relógios separadamente, até 2007. Todavia, mesmo apesar dos pobres registros, ficou evidente que, a partir do momento que os fabricantes in­­cluíram docks para MP3 players, sendo a maioria para iPod, as vendas da categoria explodiram. Foi a "explosão do MP3", de acordo com Chris Ely, gerente de análise industrial para a ala comercial da associação. Em 2009, as vendas registradas somaram 12,8 milhões de dólares, um aumento de 40% se comparados aos números do ano anterior. Repentinamente, ele tornou-se valioso novamente.

Renovação total

Para atingir tal êxito, entretanto, ele teve de ser totalmente remodelado. Se o rádio-relógio não tiver um slot para iPod, iPhone ou um leitor de mp3 qualquer, ele provavelmente irá ficar encalhado na prateleira. A Associação de Eletrônicos para Consumo estima que as vendas totais de rádio-relógio tradicionais diminuirão cerca de 25% nos próximos quatro anos, enquanto que as vendas dos modelos com dock subirão cerca de 30%. A indústria de eletrônicos espera rever através da internet o mesmo su­­cesso que o iPod trouxe para os aparelhos rádio-relógio há quatro ou cinco anos.

O Chumby, introduzido em 2007, foi o primeiro rádio-relógio conectado à internet. O aparelho é um pouco estranho: pa­­rece uma pequena bolsa conectada a uma tela LCD. Após o aparelho ser conectado a uma rede doméstica sem-fio, sua tela pode exibir a hora, como um relógio normal, ou notícias, previsões do tempo e preços de ações. Ele também pode tocar músicas de serviços de streaming musical como os oferecidos pelo Pandora. Suas vendas foram modestas, principalmente porque dependiam de propaganda boca a boca, e não de uma campanha publicitária brilhante. Todavia, outras empresas aproveitaram a idéia.

Tradução: Thiago Ferreira

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