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O engenheiro Kléber Duque, da Concretiza: “Não há como manter um ritmo tão forte por tanto tempo”. | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
O engenheiro Kléber Duque, da Concretiza: “Não há como manter um ritmo tão forte por tanto tempo”.| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
  • Ritmo dos lançamentos em Curitiba

Depois de dois anos de forte expansão, o mercado imobiliário de Curitiba deve perder força em 2009. Impulsionada pelas facilidades de crédito e pelo apetite de grandes incorporadoras que desembarcaram na capital, a área liberada para construções residenciais e comerciais mais que dobrou em 2007 e 2008, na comparação com os dois anos anteriores. Se a tendência natural já seria de uma certa acomodação, a crise global deu contribuição extra para frear o alucinado ritmo de vendas de imóveis novos. E fez ressurgir uma postura que há tempos não comparecia às reuniões de planejamento de construtoras e imobiliárias da capital: a cautela.

Embora predominante, a avaliação de que haverá menos lançamentos neste ano não é unânime. Por outro lado, mesmo quem ainda acredita em crescimento duvida que ele seja tão robusto quanto nos últimos tempos – em 2007 e 2008, as altas foram de 37% e 53%, respectivamente. Representante das empresas do mercado imobiliário, a Ademi-PR, que se enquadra entre os otimistas, prevê aumento de 8% no número de unidades lançadas em 2009. Cuidadosas, construtoras como a Monarca e a LN dizem acreditar em estabilidade. Outras, como a Nakid, falam em leve retração, ao passo que empresas como a Concretiza chegam a estimar uma baixa de 20% a 30% para o mercado. "Não há como manter um ritmo tão forte por tanto tempo", avalia o diretor da construtora, Kléber Duque.

Uma das evidências de desaceleração está na venda de imóveis em Curitiba. No primeiro mês de 2008, os consumidores haviam comprado 10,5% de todo o "estoque" de imóveis novos que existia na capital; no mês passado, esse índice baixou para 9%, diz o economista Fábio Tadeu Araújo, da Brain Consultoria. Para ele, a área liberada neste ano deve ficar entre a de 2007 (2,29 milhões de metros quadrados) e a de 2008 (3,5 milhões). "Nem acima nem abaixo disso", diz.

Mas, independentemente do que ocorrer com os lançamentos, uma tendência é dada como certa: o ritmo da indústria da construção civil não cairá. A explicação, segundo Araújo, está na lógica. "Primeiro você consegue a liberação para a construção, depois você lança o empreendimento e, em seguida, constrói. Com tudo o que foi lançado em 2007 e, principalmente, em 2008, o número de obras em construção e conclusão terá forte crescimento neste ano. Esse movimento deve durar até, pelo menos, o primeiro semestre de 2010", prevê o economista, que presta consultoria para o setor imobiliário.

Se for assim mesmo, o efeito multiplicador dessa indústria, que se espalha por toda a cadeia de fornecedores, continuará firme. Essa percepção parece embasar as estimativas do Sinduscon-PR, que representa as construtoras. De acordo com seu presidente, Hamílton Franck, a cadeia da construção – que representaria algo próximo de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – deve crescer de 5% a 6% em 2009. "Essa é a conclusão a que chegamos na última reunião da CBIC [Câmara Brasileira da Indústria da Construção]. Com isso, a cadeia deverá contribuir com um ponto porcentual para o PIB nacional."

A Eternit, fabricante de telhas de fibrocimento, vai pela mesma linha. A empresa, que tem sua maior fábrica em Colombo (Grande Curitiba), estima crescimento entre 3% e 6% neste ano. A cimenteira Itambé, de Balsa Nova, também na região metropolitana da capital, projeta aumento de 2% nas vendas.

Para Araújo, da Brain, a continuidade das obras manterá em alta a geração de empregos. Depois de cortar 1,8 mil postos de trabalho em novembro e dezembro na capital, a construção abriu quase 600 vagas em janeiro. Foram menos contratações que no início de 2008, mas, ainda assim, o número de empregados do setor tem crescido. Hoje quase 28 mil pessoas – 5% de toda a população ocupada – trabalham em obras da construção em Curitiba. São 2,5 mil trabalhadores a mais que um ano atrás e 6 mil acima do nível de janeiro de 2007. "A dificuldade para encontrar profissionais qualificados continua", diz Gustavo Selig, diretor da construtora Hestia e presidente da Ademi-PR.

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