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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Depois de mais de uma década estagnado, o mercado imobiliário curitibano vive uma fase brilhante. O aquecimento nas vendas é tanto que já se fala em falta de imóveis para dar conta da demanda existente. Com isso, construtoras locais e de fora resolveram investir pesado no agora promissor mercado de Curitiba. De janeiro a setembro, o número de lançamentos residenciais verticais (em edifícios com mais de três andares) chega a 2.318 unidades, uma oferta 22,5% superior ao desempenho de todo o ano passado.

O aquecimento nas vendas é acompanhado de uma mudança de tendências. Grande parte dos lançamentos oferece apartamentos compactos, de 1 e 2 dormitórios, mas com alto padrão de acabamento – hoje, mercadoria rara na cidade. E o que vem surpreendendo os profissionais do ramo é a velocidade das vendas. O curitibano voltou a comprar apartamentos na planta, cuja construção não está nem nas fundações. A "venda de tapume", como se diz no jargão imobiliário, voltou à cena, o que não se via desde a falência da construtora Encol, na década de 90.

Oferta e demanda

"Quem precisa morar agora já está se batendo um pouco. Até o mercado de usados está ficando escasso, porque quem comprou um apartamento agora só vai se mudar daqui a um ou dois anos, e só vai vender o usado depois", diz Daniel Galiano, diretor da paranaense Apolar, maior sistema de franquias imobiliárias do país. De carona no bom momento, a empresa coloca em prática seu plano de expansão para todo o Brasil (leia mais nesta página).

Com a demanda em alta, os preços dispararam nos últimos anos. "Em relação a 2004, a valorização é de praticamente 40%, e já temos alta de 2% do primeiro para o segundo semestre deste ano", conta Márcio Fabri, diretor do Instituto Bridi, de Curitiba, especializado em pesquisa de mercado imobiliário. No entanto, consultores imobiliários, corretores e outras fontes do setor são unânimes em afirmar que o mercado está apenas recuperando o que perdeu nos últimos anos.

"Não é um boom e não é uma bolha. É uma recuperação, e esse crescimento veio para ficar", diz o presidente do Sindicato da Construção Civil do Estado do Paraná (Sinduscon-PR), Hamilton Pinheiro Franck. "Os preços estão apenas retomando o que era praticado há alguns anos. Houve um tempo em que não se conseguia passar nem a variação do CUB [o custo unitário básico da construção civil] ao valor do imóvel. Por aí dá para sentir o buraco em que estávamos", completa Márcio Fabri.

O empresário Osvaldo Luiz Zitta, de 62 anos, percebeu esse aumento de preços ao procurar um apartamento para morar, este ano. "Nos últimos dois anos subiu bastante, principalmente os imóveis usados. E quando você vai visitar, percebe que a procura é grande. O porteiro do prédio já avisa que o corretor foi até o apartamento umas quatro vezes aquele dia para fazer visitas com interessados." Depois de meses buscando o imóvel ideal, ele e a esposa fecharam negócio. O recém-comprado apartamento de três quartos, no bairro Água Verde, está passando por reformas, e em alguns dias estará pronto para morar.

Crédito em alta

O bom momento encontra explicação na abundância de crédito para a compra de imóveis no Brasil. "O que ajuda é a disponibilidade de dinheiro. Os bancos estão facilitando muito, porque precisam aplicar em negócios rentáveis", afirma Antônio Gutierrez, diretor do Imóveis Curitiba, maior site de negócios imobiliários da capital. "Quem antes não podia comprar agora entra com um pouco de poupança, um pouco do FGTS e financia o resto", exemplifica o diretor da Imobiliária Razão e presidente da Redeimóveis, que reúne 12 empresas do setor de Curitiba, Luiz Fernando Gotschild. Há 35 anos no ramo, ele garante que desde o lançamento do Plano Real o setor não vivia um momento tão promissor.

"Nós finalmente estamos colhendo os frutos de uma economia estável. Na Espanha, no México e no Chile, dez anos depois que a moeda foi estabilizada aconteceu a mesma coisa. Agora as coisas são previsíveis, os custos e as parcelas. Antes as prestações eram corroídas pela inflação, e aí era complicado fazer previsões", concorda Hamilton Franck, do Sinduscon.

E se o consumidor está achando caro comprar a casa própria, é bom preparar o bolso. Daqui pra frente, o futuro dos preços será ditado pelo mercado, mas a tendência, avisam os especialistas no assunto, é de alta ainda maior no valor dos imóveis.

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