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Há tempos produtor e consumidor de milho não viviam uma situação tão confortável no Paraná. As exportações cresceram mais de 100%, há produto disponível no mercado interno, e a área da safra de verão é maior em 50 mil hectares. Ainda assim, o cereal bate recordes de preço nas negociações locais e supera a paridade exportação. Na prática, pelo menos neste momento, os embarques deixaram de ser um bom negócio.

Em Campo Mourão (Região Noroeste) – média que vale para todo o estado – a saca de 60 quilos atingiu nesta semana R$ 28 no atacado, o maior preço dos últimos dez anos e 85% superior aos R$ 15 praticados no ano passado. Na mesma praça, o produto para exportação é cotado entre R$ 23 e R$ 24. A diferença está no custo do frete até Paranaguá. Já o preço pago ao produtor está em torno de R$ 24 nesta safra, contra R$ 13, valor médio praticado em outubro de 2006.

Flávio Turra, gerente técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), explica que o produto está escasso, o que não significa que está faltando milho. "No Paraná, estima-se que existem 2 milhões de toneladas nas mãos de produtores, cooperativas e cerealistas." O volume, segundo Turra, é suficiente para abastecer o período da entressafra, até a colheita da atual safra. O cereal estocado é resultado de sobras dos últimos cultivos de inverno e verão.

Apesar da disponibilidade de milho – nos armazéns – e do aumento de área na safra atual, "o preço deve continuar firme no próximo ano", avalia o técnico da Ocepar. Em sua análise, ele considera o aumento do estoque de passagem no Brasil, que deve saltar de 5,2 milhões para 6,6 milhões de toneladas. No pico da colheita, a cotação deve recuar, mas ainda assim com bons preços, no limite de R$ 25/saca.

Para Eugênio Stefanelo, da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), no entanto, o preço deve ser motivo de preocupação. "A cotação em alta deve estimular o plantio do milho safrinha e, por causa da oferta, podemos ter problema de preço no segundo semestre de 2008." A dificuldade neste momento seria para os produtores independentes de suínos e aves. É o consumo alheio à indústria de integração que justifica o aumento nos preços. (GF)

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